domingo, 16 de agosto de 2020

SALA DE LEITURA COM BENEDITO VASCONCELOS MENDES

 

Benedito Vasconcelos Mendes


Por Lúcia Rocha

luciaro@uol.com.br


        Benedito Vasconcelos Mendes é engenheiro agrônomo, nascido em Sobral, em 31 de agosto de 1945, filho de funcionário do Banco do Brasil, e de uma dona de casa. Ainda na adolescência, perdeu o pai.
         Neto de agropecuaristas, Benedito Vasconcelos passava suas férias na fazenda dos avós e, criança ainda, já gostava de animais, de plantas e da vida no campo. Tudo isso fez parte da sua infância, então, era natural que fosse estudar agronomia na capital, Fortaleza, pois em Sobral não havia segundo grau. Em Fortaleza, lecionava enquanto estudava e, contra a vontade da mãe, graduou-se na Universidade Federal do Ceará. Depois fez mestrado em Viçosa, Minas Gerais; e Doutorado, na USP, em São Paulo.
        Benedito Vasconcelos tem sua vida profissional totalmente em Mossoró, que adotou como sua. Aqui, foi professor na antiga ESAM – Escola Superior de Agronomia de Mossoró - hoje UFERSA – Universidade Federal Rural do Semiárido - onde chegou a ser diretor geral e ocupou diversos cargos na administração pública, em nível estadual e federal.
        Benedito Vasconcelos Mendes é um entusiasta estudioso em semiárido, logo se destacou como professor, como pesquisador e como autor, já publicou centenas de livros e trabalhos científicos. Escreve sobre o Nordeste, sobre o sertão, a vida do sertanejo, os animais de nossa fauna, o clima semiárido, enfim, tudo sobre o desenvolvimento regional, e atualmente é a maior autoridade viva sobre semiárido em nível mundial.  
        Dentre suas obras, destaco o livro Benedito Vasconcelos Mendes – Um Projeto, Vários Desafios, organizado por Susana Goretti e Taniamá Vieira da Silva Barreto. Este livro é um documentário sobre sua vida, com a participação de alguns dos seus inúmeros amigos, escritores e pesquisadores, que deram testemunhos de experiências vivenciadas com o doutor Benedito Vasconcelos Mendes.    
        Na primeira orelha do livro, o reitor da UFERSA, doutor José de Arimatea de Matos escreve que doutor Benedito Vasconcelos Mendes é uma pessoa a serviço da ciência e do sertão nordestino.
        No primeiro capítulo, diz: “Seu envolvimento com a vida nordestina ultrapassa as divisas do cotidiano físico do sertão. Benedito deixa a sua marca de pesquisador em todos os espaços, ou seja, nas universidades onde atuou e atua, sendo reconhecido por muitos como um dos maiores pesquisadores do semiárido nordestino”.       

Alguns livros de destaque: As Artes na Civilização da Seca
                                           Cozinha Sertaneja
                                            Arte e Cultura do Sertão
                                            Reflexões Sobre o Nordeste
                                            Plantas e Animais para o Nordeste
                                            

         Benedito Vasconcelos Mendes é membro de diversas academias e instituições históricas e geográficas, como por exemplo: Academia Norteriograndense de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, Academia de Ciências Jurídicas e Sociais – ACJUS – Academia Mossoroense de Letras, Academia Cearense de Ciências, Academia Cearense de Letras e Artes do Rio de Janeiro, Academia Sobralense de Estudos e Letras, Instituto Cultural do Oeste Potiguar, sócio-honorário da AFLAM – Academia Feminina de Letras e Artes de Mossoró e vamos ficar por aqui, porque o homem é um fenômeno, em se tratando de títulos e homenagens, não somente acadêmicos, todos dignos de seus méritos. 
         Benedito Vasconcelos tem quatro filhos do primeiro casamento com a doutora Maria José. Em segundas núpcias, é casado com a pesquisadora, historiadora e escritora, Susana Goretti Lima Leite.  
        Com Susana Goretti, Benedito Vasconcelos Mendes conseguiu realizar um antigo sonho, a criação do Museu do Sertão. Fazia mais de trinta anos que  viajava pelos sertões nordestinos e juntava peças do antigo setor de produção rural, como por exemplo, equipamentos e máquinas, utensílios, implementos agrícolas, apetrechos de trabalho e até mobiliário típicos da vida do sertanejo e do homem do campo.
        Doutor Benedito reuniu tudo na sua Fazenda Rancho Verde, na estrada da Lagoinha, aqui em Mossoró. No Museu do Sertão o casal Benedito e Susana, promove passeios escolares, com alunos da rede pública e particular de ensino, reúnem autoridades, artistas, escritores, profissionais da cultura, artesãos locais, que se apresentam, expõem seus produtos e livros, enfim, sua arte.
        Uma vez por ano, sempre no final de agosto, mês de seu aniversário, doutor Benedito e Susana abrem o Museu do Sertão para receber amigos e convidados especiais, gente de todo o Nordeste, ocasião em que celebram a vida com uma missa, há palestras sobre o Nordeste, claro, promovem a Feira do Livro de Mossoró, na qual autores expõem e autografam suas obras.
        Em 2007, quando gravamos o programa Mossoró de Todos os Tempos com o doutor Benedito, lá no Museu do Sertão, ele disse que duas coisas lhe davam prazer e que tinha dois olhos: um para estudar, pesquisar e escrever; e o outro para fazer o Museu do Sertão.
        Agora vou contar minha primeira experiência com doutor Benedito Vasconcelos Mendes. Morei muito tempo em São Paulo e, só tomei conhecimento dele no meu retorno. Passei a frequentar as livrarias da cidade, resolvi fazer uma pesquisa entre os clientes. Passei a perguntar qual a biografia que comprariam para os filhos. Em primeiro lugar deu Vingt-un Rosado; em segundo, o jornalista, Dorian Jorge Freire; e em terceiro, o historiador e escritor, Raimundo Soares de Brito, o Raibrito. Quando levei a pesquisa para Vingt-un e, crente que me concederia o prazer de biografá-lo para crianças, ele falou o seguinte: “Menina, vá biografar Benedito, ele, sim, tem muita história para contar e merece uma biografia”. Eu perguntava quem é Benedito e ele insistindo para que eu procurasse e biografasse doutor Benedito, que ele tinha uma história mais interessante do que a dele, Vingt-un. Veja só, ouvinte, quem é Vingt-un? O Rosado mais eternizado na memória do norteriograndense e que daqui a cem anos, sua obra e seus feitos na cultura potiguar estará sendo estudada e comentada. Ele foi o homem que editou mais de quatro mil títulos, isso mesmo, mereceu reportagens na imprensa nacional e, tão simples, dizendo-me que doutor Benedito Vasconcelos Mendes, nosso enfocado de hoje, era muito mais importante do que ele. Bom, ficamos por aqui com esse Sala de Leitura com doutor Benedito Vasconcelos Mendes.
         Quero mandar um alô para o ouvinte Joaquim Bezerra de Andrade, em São Luiz, no Maranhão. Para os atores, Tony Silva e Expedito Duarte, em Mossoró e Antonio Ysmael, no Rio de Janeiro.
          Esse quadro Sala de Leitura recebe o apoio dos jovens pesquisadores e escritores, Edilson Guimarães Segundo, Marcos Antônio de Oliveira e Lindomarcos Faustino.

 

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