quinta-feira, 30 de julho de 2020

MARTINS DE VASCONCELOS


                                                      José Martins de Vasconcelos


Por Lúcia Rocha 
luciaro@uol.com.br

   José Martins de Vasconcelos foi um poeta, escritor e jornalista que nasceu em Apodi, em 11 de novembro de 1874 e, ainda garoto, veio para Mossoró. Aqui iniciou os estudos primários e passou a trabalhar, primeiro como vendedor de jornais, foi aprendiz de alfaiate, músico e tempos depois ingressou no jornalismo, marcando seu nome para sempre na indústria gráfica, literária, política e jornalística. 
     Martins de Vasconcelos foi professor e diretor do Grupo Escolar 30 de Setembro e tornou-se um grande orador.
     Em 1915, instalou uma tipografia num velho prédio pequeno, na Rua 30 de Setembro, no centro da cidade, com 41 anos de idade. No ano seguinte, em 1916, fundou o jornal O Nordeste, que existiu até 1934, durou dezoito anos.
     Martins de Vasconcelos escrevia poesias, contos e artigos para jornais, sendo que seu conto 
Histórias do Sertão fez sucesso.
     Martins de Vasconcelos foi músico, tocava piston, chegou a mestre de banda de música e musicou peças teatrais em parceria com o professor Eliseu Viana.  
     Foi sócio-fundador de todas as sociedades culturais e literárias de Mossoró e Natal, ocupando sempre posição de destaque, tais como, sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e membro da Academia Potiguar de Letras, com sede em Natal.
      Em seu jornal O Nordeste, Martins de Vasconcelos foi uma pena combativa, vigorosa, dizendo tudo o que sentia, sem temer a ninguém. Era ligado ao, então jornalista natalense, João Café Filho, que sucedeu Getúlio Vargas na Presidência da República, em 1954.
      Em Mossoró Martins de Vasconcelos também ocupou cargos importantes, como:
     Promotor Público;
     Secretário da Prefeitura de Mossoró;
     Agente Fiscal de Impostos de Consumo;     
     Adjunto de Procurador da República;

     Martins de Vasconcelos foi casado com Libânia de Vasconcelos, de quem ficou viúvo e casou-se em segundas núpcias com Silvia Freire de Vasconcelos e foi pai de Maria Silvia, Rúbem, Djalma, Selma, Luzia e Francisco, o Fransquinho Vasconcelos, seu sucessor na Tipografia e Livraria O Nordeste. Maria Silvia herdou a poesia e o jornalismo do pai.          
      Martins de Vasconcelos faleceu em 22 de dezembro de 1947 e a cidade inteira estava no seu sepultamento. Anos depois, a família reuniu sua produção literária e lançou o livro
Obras Completas.
     Martins de Vasconcelos é patrono de escola em Mossoró. O menino que chegou de Apodi, a pé, analfabeto, hoje tem netos e bisnetos graduados em Medicina e Direito, espalhados pelo país. Em Mossoró, um neto que herdou seu nome, José Martins de Vasconcelos Neto, doutor Vasconcelos, tem clínica de olhos em homenagem ao avô.

 

 

Fonte: Jornalista Martins de Vasconcelos - Um Homem de Muitas Letras.

Autoria de Raimundo Nonato e Walter Wanderley.  Editora Pongetti, 1974.

 




domingo, 26 de julho de 2020

SER AVÓ

                               Ana no papel de avó

Por Ana Medeiros* 

Ser avó.
Eles chegam de mansinho
Roubando nosso carinho
Bagunçando nossa casa, rabiscam as paredes
Espalham brinquedos pelo chão.
O que não fazem para chamar nossa atenção?
Mas esse amor não tem preço.
Chegamos a desejar
Que o tempo possa parar
Mas aí, vem o cansaço 
E queremos que o tempo passe, diante de tanta energia.
Ser avó é ser mãe duas vezes
A idade não importa por mais que seja vaidosa
Não existe melodia mais gostosa, que  ouvir alguém de Vó te chamar.
Homenagem aos avós
26 de julho Dia dedicado aos Avós.

*Ana Medeiros é poetisa, boleira, dona de casa e avó.


segunda-feira, 20 de julho de 2020

LIVRO DE JOAZ ALVES TORRES




Por Lúcia Rocha
luciaro@uol.com.br

        Joaz Alves Torres é um garoto que acaba de lançar seu primeiro livro em plena pandemia: Aventuras do Lua.
     O Lua é o personagem principal desta

aventura. Muito curioso, criativo, 

engraçado, inteligente...

      Durante sua vida estudantil percebeu que poderia exercer diferentes profissões.                                                 
      Vocês sabiam que 
existem algumas profissões bem inusitadas, fora do comum?

      Uma delas foi desempenhada pelo

 Lua.

      Nesta estória, você poderá

 conhecer, através de texto e ilustrações, essa e outras profissões que exerceu.  Será que  ele encontrou sua profissão apropriada?

      Também daremos risadas das 

trapalhadas em que ele se envolve.


       Junto com o Lua, vamos visitar
alguns pontos turísticos do Brasil e também da Áustria. Você está preparado para conhecer Aventuras do Lua?

Capa do livro Aventuras do Lua
                                   

sábado, 18 de julho de 2020

ALUISIO BARROS SOBRE COVID 19



Fonte: Jornal Literatura Comunica, edição de março a julho de 2020

GRATIDÃO



Foto: Porfírio Negreiros


Por Ana Luiza
               

Ao sol que ilumina no decorrer do dia 
E a chuva fina que cai trazendo melancolia.
Gratidão a quem se ama 
E o ódio que se desfaz                                            Gratidão à paz que reina no coração
Gratidão à certeza do alimento na mesa, à vida, à natureza, com a sua plenitude
São as nossas atitudes, em prol da humanidade.
Gratidão à beleza, à saudade, à melodia
À nossa confiança
Depositada no dia a dia.
No romper da aurora
Gratidão à história de um andarilho
Sem rumo, conhecendo novos costumes
Em cada porto que passa
Gratidão é um sentimento 
Acessível a qualquer um                     
Não precisa ser formado
É só ter a fineza de abrir a sua boca
E dizer muito obrigado.  

quinta-feira, 16 de julho de 2020

BALÃO



Balão à frente de colegas do Pax.


 Por David de Medeiros Leite*

Reconheci-o pelo inconfundível perfil. O manquejado era o que nele havia de diferente. Sem hesitar, parei o carro:
      — Balão, entre que deixo você em casa.
     — Obrigado. Tenho que andar, foi o médico quem disse.
  E seguiu a caminhada, sem mais uma palavra. Fiquei meio confuso, em dúvida se a negativa à carona seria mesmo para seguir a recomendação médica ou uma demonstração de que preferia manter o distanciamento estabelecido desde o tempo do cinema.
  Tenho quase certeza de que ele me reconheceu. Não pelo nome, claro. Mas pela inevitável associação de que eu seria um daqueles meninos que frequentavam o PAX. Ah, disso não tenho dúvida! Como, também, sou levado a crer que, enquanto viveu e circulou pelo centro da cidade, ele deve ter sido abordado por muitos dos garotos de outrora. Sou capaz de apostar todas as minhas fichas de que suas respostas às abordagens devem ter sido quase sempre no mesmo diapasão: curtas e sisudas. Mas, por incrível que pareça, sem expressar uma antipatia gratuita. Dava para perceber que era mesmo o seu jeitão. Sei que a linha é tênue, porém quem conviveu com Balão, mesmo que de forma rápida e esporádica, entenderá o que eu digo.
    Na memória afetiva de quatro ou cinco gerações de mossoroenses, a figura de Balão, certamente, estará bem delineada. Seu corpanzil a nos 'recepcionar' à porta do cine, recebendo o ticket de ingresso e conferindo a carteira de estudante com as nossas fuças. Tudo isso com a mesma rapidez e precisão com que colocava o papel recebido na urna que lhe servia, também, de suporte para descanso da perna. Sem conversa. Se fosse para barrar alguém, fazia-o sem alterar a expressão da face. Balbuciava algo que significava o estorvo à sessão. Ponto.
     Para nossos olhos infantis, pouca diferença havia entre Balão e as majestosas pilastras do vestíbulo do PAX. A única diferença era que, daquela coluna humana, esperávamos o gesto de concordância para transpormos o umbral. Seria daquele guardião que adviria, ou não, o aceno que delimitaria o êxito do final de semana. Afinal de contas, no correr dos dias, aguardávamos, ansiosos, para vibrar com a pontaria certeira de Trinitty, com a esgrima do mascarado Zorro e com as trapalhadas do sargento Garcia. Ou então com O Gordo e o Magro a nos provocar gargalhadas que quase tomavam o nosso curto fôlego. E outros tantos heróis que povoavam as nossas imaculadas mentes. E, sem o 'passe' de Balão, tudo estava perdido.
    Isso sem mencionar a ansiedade de nos postarmos à frente daqueles ventiladores gigantes que flanqueavam o palco principal, onde desfraldaríamos nossas camisas 'volta ao mundo', antes do badalar que iria nos aquietar nas disputadas cadeiras das primeiras filas.
     Depois dessa acomodação, ao escuro que se seguia, esperávamos o zanzar da lanterna que, vigilante, pastoreava as nossas danações. Diga-se de passagem, danadezas que nada representavam de gravidade: um assobio com dois dedos na boca - que, confesso, nunca aprendi - um chiclete pregado na parte inferior do assento ou um desastroso derramar das alvas pipocas - involuntário, registre-se, pois ninguém era bobo de fazê-lo a propósito.
     Tudo isso me veio à mente, quando, ainda acomodado no assento do carro, vi-o seguir, em passos lentos, para as bandas do bairro Pereiros. De relance, passou pela cabeça segui-lo para ver onde ele morava e insistir em ajudá-lo com algo por conta da enfermidade. Não reuni coragem. Ponderei que a vida daquele personagem não poderia sofrer invasão. Deveria permanecer enigmática, como sempre o fora. Sem aproximações nem intimidades. Que tudo seguisse como sua própria identidade: nunca revelada.
     Balão. Balão do PAX. Só isso bastou para que ele vivesse seus dias nessa dimensão terrena. Creio mesmo que, na única vez que ele mudou de posição, deve ter sido acolhido pelo porteiro do céu com galhardia: “Entre, Balão, e escolha o melhor lugar para assistir - e viver - à película da Paz. Desse bilhete de ingresso você se fez merecedor”.

  

*David de Medeiros Leite – Doutor em Direito. Professor da UERN.

 

* Texto originalmente publicado na Revista da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, N° 43.


segunda-feira, 13 de julho de 2020

ENCANTAMENTO QUE PERSISTE




Por Vanda Maria Jacinto

Escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa

v.m.j@hotmail.com

 

     "A Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte vive um momento de isolamento social, no enfrentamento ao Coronavírus’”.

     Revendo postagens nas mídias, me deparei com essa notícia. A princípio, concordei e achei apropriado diante do momento preocupante que vivemos, mas foram surgindo outros questionamentos que me fizeram refletir um pouco.

     Resumindo, a casa de guardados históricos de Mossoró também dava uma trégua em suas atividades, para recomeçar um novo episódio – na sua linha do tempo.

     De imediato, eu me perguntei sobre a funcionalidade atual das bibliotecas, em especial a nossa, e qual o prejuízo real dessa decisão. Para minha surpresa, sem muito pensar, percebi que esse espaço – da antiga Escola Técnica de Comércio União Caixeiral, hoje ocupado pela nossa Biblioteca Municipal –, na verdade, sedia muito mais do que o acervo bibliográfico acumulado por anos a fio. Abriga o Acervo da Coleção Mossoroense – onde grande parte da nossa história se encontra em seus registros literários. É também sede comum às Academias de Letras e de Artes da cidade e em seu Auditório acontecem, também, os eventos literários das academias.

     Indiscutivelmente, a Biblioteca Ney Pontes Duarte vem cumprindo seu verdadeiro papel, ou seja, o de preservar – como casa de sabedoria, abrigando entre as suas paredes e seus guardados – os conhecimentos compilados por aqueles que, ao longo dos tempos, escreveram e escrevem nossa história!

     Dia desses, estávamos numa live literária, discutindo exatamente a influência da nova era da digitalização e e-books no futuro dos livros impressos, das livrarias e das bibliotecas. Muita polêmica surgiu em relação ao assunto, mas, de modo geral, o grupo se mostrou tranquilo, argumentando acerca dos modismos que vão surgindo no dia a dia e que nem sempre nos afetam diretamente.

     Acredito também que, assim como outras novidades foram surgindo e nem por isso as antigas deixaram de existir, como o rádio e a TV, os e-mails e o celular, o comércio on-line e o convencional, o cinema em detrimento dos vídeos, e os livros impressos contrapondo os e-books e a digitalização, sempre encontraremos alternativas.

     Somos capazes de nos adaptar à modernidade, mas, com certeza, alguns hábitos antigos permanecerão.

     A despeito de todo esse avanço  tecnológico, onde temos na internet informações do que se passa no mundo, em tempo real, ainda assim, as bibliotecas não perderam o seu valor funcional. As escolas públicas, de um modo geral, na medida do possível, mantêm os seus espaços literários, pois é com o livro em punho que se aprende a ler com prazer e, automaticamente, deslanchar em outras áreas de estudo. Sem contar com o maravilhoso apoio e fortalecimento no Projeto Pedagógico, obtido no hábito e competências da leitura.

     Sem contestação, admitimos o valor da era digital. Os sites informativos são de extrema relevância. Entretanto, nem todos os livros ou trabalhos científicos já foram ou podem ser digitalizados. Assim, muitas vezes, a única opção é recorrer ao acervo impresso.

     É quase que impossível que haja, em tempo e hora, a indexação de todo o conhecimento mundial, através da digitalização.

     Por conseguinte, as informações via internet, embora valiosas, nem sempre substituem os acervos das bibliotecas. Um complementa o outro.

     É inegável que, aos poucos, a tecnologia vem permeando todos os nossos espaços, assim como os das bibliotecas do mundo e, com ela, a necessidade de capacitação dos profissionais. Lógico que essa situação vem acontecendo nos grandes centros, nas grandes bibliotecas.

     Mas uma coisa é certa: o encantamento dos ambientes das bibliotecas, não importando o seu tamanho, é algo indescritível.

     Adoro o cheiro dos livros novos – isso desde criança. Igualmente, amo folhear livros antigos, que passaram por muitas mãos, deixando os seus rastros espalhados pelo mundo.

     Quantas relíquias estão guardadas nas bibliotecas, esperando que olhos atentos  as descubram, tais quais os encantamentos mágicos?

     Esse encantamento ainda vai persistir.


COSERN TRANSFORMANDO ENERGIA EM CULTURA


                             Foto: Flávio Rezende
 
         A Cosern e o Instituto Neoenergia energia vão lançar na próxima quarta-feira, dia 15, por meio de uma live no Youtube e Facebook da Cosern, entre 10h e 11h, o Edital 2020: Transformando Energia em Cultura, que concederá apoio financeiro, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura Câmara Cascudo, para projetos socioculturais que contribuam com os ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - e valorizem a cultura local.  
        A live, destinada principalmente a pessoas que desenvolvem ações culturais no estado, vai contar com a presença do Diretor Presidente da Cosern, Luiz Antonio Ciarlini, da Diretora do Instituto Neoenergia, Renata Chagas, do Superintendente de Comunicação Externa da Neoenergia, Marcus Barros, da Gerente de Comunicação Externa e Relações Institucionais da Cosern, Karine Severo, da Presidente do Instituto Ekloos, Andrea Gomide, do Presidente da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, e terá a apresentação/mediação feita pela jornalista Paulina Chamorro.   
        De acordo com Renata Chagas, o processo de seleção concederá apoio financeiro para projetos socioculturais que tenham como meta o impacto social e a transformação de pessoas e comunidades em todo estado.  
         O período de recebimento de propostas de projetos que vão ser selecionados vai desta quarta-feira até o dia 3 de agosto pelos sites da Cosern (www.cosern.com.br) e do Instituto Ekloos (www.ekloos.org/editalcosern2020, explicou Renata.
        Para Luiz Antonio Ciarlini, Diretor Presidente da Cosern: “Investir na cultura potiguar é um compromisso da Cosern há vinte anos. E esse compromisso ganha ainda mais força com a parceria do Instituto Neoenergia, no intuito de continuarmos cumprindo com a nossa missão, como empresa socialmente responsável junto às comunidades onde atuamos”, afirmou Ciarlini.
 
Fonte: Assessoria de Imprensa da COSERN. 

LEMBRANÇAS ENVELHECIDAS


Capa, contra-capa e orelhas

Lembranças Envelhecidas é o título do último livro de Lindomarcos Faustino, que já escreveu mais de vinte livros sobre Mossoró e sua gente. 
Lembranças Envelhecidas traz poemas.
 O autor coloca romantismo, amizade, irmandade e saudades. 
Valor: R$ 50,00.
Entrega a domicílio ou via Correios, com despesas já inclusas. 
Contato com o autor: 
84 98811.9244.

domingo, 12 de julho de 2020

UM CICLO NATURAL DA VIDA




Por Lúcia Rocha
luciaro@uol.com.br

      Ouvindo a Difusora de Mossoró, no Programa Haroldo Jácome, sempre ele cita alguém que intitulou de poetisa. É Ana.
      Não sei o sobrenome, nunca a vi, não tenho ideia de como seja.
      Mas escreve mensagens lindas, envia pelo Whatsapp da rádio e Haroldo Jácome, sensível, lê no ar. 
      Semana passada, curiosa, pedi ao radialista para me passar o contato de Ana, que também salvei no como Ana Poetisa.
      Mandei uma mensagem, expliquei que sempre ouço seus poemas no programa, fiz um elogio, convidei-a para participar de um grupo Clube do Livro de Mossoró, no Whatsapp, que reúne leitores e autores locais. 
      Ana respondeu: 
      "Bom dia, minha querida. Olha, na verdade sempre gostei de escrever e de poesia, apesar de não me considerar como tal.
       Escrevo algumas poesias para meus netos, já participei de festas na creche, aqui do bairro Aeroporto e, na ocasião, recitei alguns versos de minha autoria, mas não me considero uma poetisa.                                                            Sou uma simples dona de casa e também trabalho com bolos para festa de aniversário, mas vou confessar que amo escrever.
        Obrigada pelo elogio, muito me enaltece".

         Pronto, adicionei Ana, que no Whatsapp tem essa bonequinha de óculos, em vez de sua foto, achei linda e por isso postei. 
         Desde então, Ana participa do grupo e diariamente posta uma poesia, segue a poesia de hoje. 
         Posteriormente, postarei mais poesias de Ana, a poetisa do bairro Aeroporto. 
         Assim nasce uma artista das letras.


"Viver é uma dádiva
Amar é um mandamento
Sorrir é encantamento
Felicidades são momentos.
Vitórias são conquistas
Sonhos esperanças
Lágrimas são alívios
Derrotas resultados
Saudades são lembranças
Amizades, são tesouros
Gratidão é humildade.
Tolerância é aprendizado.
E a morte, é apenas um ciclo natural da vida".    

sábado, 11 de julho de 2020

MOSSORÓ NA TRILHA DA HISTÓRIA - ANOTAÇÕES


Capa



Prefácio de Wellington Barreto*

      Recebi, com grande satisfação, o convite do amigo, pesquisador e escritor Geraldo Maia do Nascimento para prefaciar este seu mais recente trabalho denominado Mossoró na Trilha da História - Anotações. Cumpri essa incumbência honrosa, com grande prazer. 
       Escrever sobre a história e a cultura de uma cidade não é tarefa das mais fáceis, principalmente quando essa cidade é Mossoró, onde fantasia e realidade se misturam em vários pontos de sua história. Cabe ao pesquisador o trabalho de separar o 'joio do trigo', distinguir a realidade da ficção. E Geraldo vem fazendo esse trabalho há mais de uma década, publicando seus artigos nas páginas do jornal O Mossoroense, num caderno de cultura que circula todos os domingos.
      Geraldo Maia não é um autor estreante. Em 2002, atendendo a um convite do Professor Vingt-un Rosado, mecenas da cultura mossoroense, selecionou alguns desses textos e publicou o livro Fatos e Vultos de Mossoró – Acontecimentos e Personalidades, através da Coleção Mossoroense. Já tinha publicado, em 2001, também pela Coleção Mossoroense, o livro Amantes Guerreiras, a Presença da Mulher no Cangaço. Publicou em 2009, pela Gráfica e Editora Piauipel, de Teresina/PI, o livro ARLS 30 de Setembro e em 2012, pela mesma gráfica, publicou o livro Judas Tadeu de Azevedo – O Guerreiro Solitário. Agora selecionou outros texto, dos mais de seiscentos publicados em jornais, para formar o presente livro, com o título de Mossoró na Trilha da História – Anotações
        Esse trabalho vem contribuir com o estudo da nossa história, evitando que a pátina do tempo apague essas memórias. Dando sua contribuição nesse sentido, o pesquisador e escritor Geraldo Maia, um amante da história mossoroense, nos apresenta, semanalmente, pedaços da nossa história.  E de onde ele tira esses temas? Soprando a poeira de velhos papeis das bibliotecas, dos periódicos que o tempo amarelou, de arquivos particulares, bebendo água nas fontes límpidas e cristalinas. Em alguns artigos, o autor faz uma análise mais aprofundada, fundamentada teoricamente; em outros, é mais superficial, mas sem prejudicar a mensagem referente ao tema tratado.
       Recomendo a leitura desse trabalho para todos aqueles que desejam conhecer um pouco da História de Mossoró, das  lutas de sua gente, gente essa que, como disse Edgar Barbosa, “...digna de levar-se a uma cruzada, a uma expedição, a toda empresa que necessite de fé.”

José Wellington Barreto
Presidente da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Norte


Contatos com o autor: 84 98829.5475
E-mail: gemaia1@gmail.com

O CRIADOR DO PAÍS DE MOSSORÓ


                                Capa


Por Geraldo Maia


       O livro O Criador do País de Mossoró é uma biografia autorizada do professor Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, que apesar de ter falecido há quinze anos, sua presença continua viva na memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de sua convivência. Fui um desses privilegiados. Por cinco anos fiz parte do seu círculo de amizade e me tornei seu discípulo. Eu, que vim de outra cidade, passei a amar essa terra por ele denominada de 'país de Mossoró', e a divulgar a sua história e a saga do seu povo.
       Em 25 de setembro de 1920, num dia de sábado, nascia em Mossoró, num velho casarão da Rua 30 de Setembro, Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, sendo filho do patriarca Jerônimo Rosado e dona Isaura Rosado Maia. Era o vigésimo primeiro filho de uma família numerosa e numerada, como ele mesmo gostava de dizer, já que seu nome vem exatamente da sequência à ordem numérica francesa dos nomes que Jerônimo Rosado dava aos filhos.
       Teve uma infância normal, de brincadeiras telúricas, embora dando a impressão de ser um pouco contemplativo. Desde cedo se dedicou aos empreendimentos intelectuais, preferindo acompanhar a atividade do irmão mais velho, Tércio, filho do primeiro matrimônio do seu pai, que era um homem culto, poeta, amante dos livros e pioneiro do cooperativismo no Estado. E foi ainda na juventude que começou a cultivar o gosto pelos livros e pela pesquisa histórica. Na adolescência atuou como bibliotecário no Colégio Santa Luzia. E esse gosto pelos livros o acompanharia durante toda a sua vida.
      Em 1940, partiu para Lavras, Minas Gerais, para estudar agronomia. Lá chegando, o seu envolvimento com os livros, as letras e a pesquisa tornaram-se mais intensa. Concluindo o curso em novembro de 1944, voltou para Mossoró para desenvolver atividades junto à empresa familiar que atuava na área de exploração de gesso e paralelamente começou a desenvolver um trabalho no campo cultural, que culminou com a criação da Coleção Mossoroense.
       Apesar de pertencer à tradicional família de políticos que comanda Mossoró por gerações, preferiu enveredar mesmo pelo caminho da cultura. Na verdade, chegou a disputar dois cargos eletivos. A primeira vez candidatou-se a Prefeito de Mossoró, perdendo por uma margem de 0,4% em 1968. Em 1972, elegeu-se vereador com a maior votação proporcional da história de Mossoró, até aquela data. Mas foi mesmo na área cultural que se destacou, tornando-se ícone da cultura local. Em 1940, com apenas vinte anos de idade, publicou o seu primeiro livro, que recebeu o título de Mossoró. A esse, seguiram mais de duzentos, da  antropologia ao estudo das secas.
      Como convocado de guerra em 1945, sofreu uma punição por transgressão disciplinar, ficando detido na cadeia da Companhia Escola de Engenharia de Ouro Fino, Minas Gerais, por quinze dias. O motivo da pena foi ter fugido para encontra-se com sua namorada, América Fernandes Rosado, que seria sua companheira por toda a vida. Segundo um depoimento do próprio Vingt-un, ao terminar a carreira militar, o seu comportamento foi considerado insuficiente.
       Vingt-un esteve sempre presente em várias frentes de atividade cultural, tanto no município como no Estado. Foi professor fundador de três faculdades e idealizador da URRN, hoje Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Foi fundador e duas vezes diretor da ESAM, hoje Universidade Federal Rural do Semi-Árido e professor Honoris Causa da UERN. Integrou o Conselho Estadual de Cultura, foi membro de quatro Academias em dois Estados da Federação, tendo sido criador e ex-presidente de duas delas, a Academia Norte-rio-grandense de Ciências e a Academia Cearense de Farmácia.
       Jerônimo Vingt-un Rosado faleceu no dia 21 de dezembro de 2005, aos oitenta e cinco anos de idade. Morreu não; encantou-se. Continua vivo na memória do povo da terra que tanto amou, ao ponto de idealizar nela um país, o País de Mossoró. Nesta sua Pasárgada, ele era amigo do rei, mas era amigo também de qualquer homem do povo. Fez-se General da Cultura e nessa área abraçou várias causas, venceu várias batalhas: a batalha da cultura, a batalha da água, a batalha do petróleo e tantas outras batalhas que estão documentadas na sua grande obra. É nessa obra que deixou como legado que Vingt-un vive, pois esse é o segredo da imortalidade: ressurgir sempre que um livro seu é aberto, que uma frase sua é repetida e que um gesto seu é lembrado. Lembrando Celso Carvalho: "É triste passar pela vida como a sombra pela estrada. Quando passa é percebida... Passou não resta mais nada”. Por isso, Vingt-un fez-se luz. E assim criou o País de Mossoró.



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JARARACA: PRISÃO E MORTE DE UM CANGACEIRO



Capa do livro


Por Geraldo Maia, autor.


O livro Jararaca – Prisão e Morte de um Cangaceiro trata-se de um relato dos últimos momentos desse cangaceiro aqui em Mossoró, baseado em depoimentos, reportagens e outros documentos existentes.
A maioria dos textos sobre Jararaca, principalmente teses universitárias, tentam explicar o fenômeno da transformação de um cangaceiro sanguinário em um 'fazedor de milagres', de acordo com a crença popular. Mas o que me chamou mais a atenção nessa história foi de como um prisioneiro de justiça, que foi capturado ferido e já sem forças, é conduzido para a cadeia pública de Mossoró, e durante uma semana é mantido até com certa dignidade, respondendo a interrogatórios, dando entrevistas, sendo visitado pela polução, é tirado da cadeia, em plena madrugada, para ser assassinado sem ter tido um julgamento e sem que se saiba quem deu essa ordem. Podemos dizer que foi queima de arquivo? É isso que tentamos explicar nesse texto.
Podemos dizer que tem coisas interessantes, como o documento do laudo cadavérico de Jararaca, que é o atestado de óbito, assinado por um médico e várias outras autoridades, documento esse que foi passado dois dias antes da data que se conhece da morte do cangaceiro e com uma causa mortis bem diferente dos relatos que se conhece sobre a morte do cangaceiro.
Esse é o segundo livro que escrevo sobre o tema cangaço, além de vários artigos para jornais e revistas. O primeiro livro sobre cangaço lancei em 2015, na Feira do Livro de Mossoró, e se chama Amantes Guerreiras – A Presença da Mulher no Cangaço. Trata da desmistificação do papel da mulher no cangaço. Os filmes e principalmente a literatura de cordel sempre mostram cangaceiras participando de assaltos, matando gente, roubando e até dando ordens aos congaceiros.  E de acordo com várias cangaceiras que tivemos a chance de entrevistar, esse não era o papel da mulher no cangaço. Sempre que os homens saiam para os ataques, elas permaneciam nos 'coitos'  - esconderijos - até que os mesmos voltassem. Usavam normalmente pequenas armas, muito mais por decoração do que para proteção. Não lavavam nem cozinhavam nos acampamentos, porque essas eram tarefas de homens. Defendemos, no livro, que o papel da mulher no cangaço era realmente ser amante. Daí o nome Amantes Guerreiras. A prova maior é que quando um dos companheiros ou amantes morria, imediatamente elas tinham que escolher outro companheiro entre os solteiros do bando, porque mulher não podia permanecer desacompanhada. 
O livro Jararaca – Prisão e Morte de um Cangaceiro – reúne vários depoimentos de pessoas que presenciaram o acontecimento, tanto policiais como civis, reportagens de jornais da época, inclusive com o depoimento que o cangaceiro deu as autoridades, como também sobre a reportagem feita pelo jornalista Lauro da Escóssia, onde o cangaceiro fala da sua vida e das suas andanças, do tempo que passou no Exército Brasileiro participando de revoluções até voltar ao Sertão de Pernambuco para se tornar cangaceiro. E mostra também algumas contradições entre as respostas dadas pelo cangaceiro e o relato de familiares sobre alguns episódios de sua vida de crimes.

Contatos com o autor: 84 98829.5475
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sexta-feira, 3 de julho de 2020

VINGT-UN ROSADO, UMA PERSONALIDADE NORDESTINA



                                                                     Vingt-un 


Por Benedito Vasconcelos Mendes*

 

        O Engenheiro Agrônomo, historiador e Professor Jerônimo Vingt-un Rosado Maia é a maior personalidade na área cultural de Mossoró, de todos os tempos. Vingt-un, pelo seu pendor para fazer o bem e por seu espírito empreendedor na área educacional e cultural, foi uma daquelas pessoas raras, que só aparece na Terra de tempos em tempos. Seu idealismo, sua extraordinária capacidade de trabalho, sua determinação e sua admiração por tudo ligado à educação, à cultura, às artes e as ciências fizeram Vingt-un um ser humano especial. Dedicou toda a sua vida para dotar Mossoró de boa infraestrutura educacional, científica e cultural, o que fez com que, hoje, Mossoró seja considerada a “Capital Cultural do Semiárido”. Em Mossoró, idealizou e criou a biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte, o Museu Municipal Lauro da Escóssia, a Coleção Mossoroense (tipo de editora criada para estimular e divulgar escritores regionais), a Escola Superior de Agricultura de Mossoró - ESAM, hoje UFERSA - Universidade Federal Rural do Semiárido e outras entidades culturais. Como historiador, escreveu o primeiro livro sobre a história de Mossoró. Pertenceu a diversas academias de letras e institutos históricos de vários Estados do Nordeste e seu valor foi reconhecido ainda em vida, quando recebeu muitos diplomas, prêmios e comendas de diversas instituições científicas, culturais e de ensino brasileiras. Nasceu em Mossoró no dia 25 de setembro de 1920 e morreu no dia 21 de dezembro de 2005. O nome Vingt-Un corresponde em francês ao número vinte e um, último da série da numeração dos filhos feita, quase sempre em francês, pelo patriarca Jerônimo Rosado. Quase todos os filhos tinham como prenome o nome do pai – Jerônimo - e muitas de suas filhas, o da mãe – Isaura -, antes da numeração. 1. DESCENDÊNCIA FAMILIAR. Embora pertencesse à tradicional e destacada família política potiguar - família Rosado - Vingt-Un fez opção pela vida cultural, dedicando todo o seu tempo e o seu entusiasmo ao engrandecimento das artes, da cultura e das ciências. Os pais de Vingt-Un, farmacêutico e industrial Jerônimo Rosado, 1861-1930, natural de Pombal – PB, e Izaura Maia, nascida em Catolé do Rocha - PB, viveram e criaram seus filhos em Mossoró. Seu pai foi Intendente e três dos seus irmãos foram prefeitos de Mossoró. Dos seus três irmãos políticos, Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia foi Governador do Estado do Rio Grande do 1Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor. Membro Efetivo da Academia Norte-rio-grandense de Letras, Academia Mossoroense de Letras, Instituto Cultural do Oeste Potiguar, Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e do Centro Cultural dó Ceará. Norte, Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia foi Senador da República e Jerônimo Vingt Rosado Maia foi Deputado Federal, além de todos eles terem sido também prefeitos de Mossoró. Atualmente, vários de seus familiares ainda permanecem na militância política, mantendo assim a tradição da família. 2. O CIDADÃO. Vingt-Un Rosado casou-se com a mineira e também ex-professora da antiga ESAM - Escola Superior de Agricultura de Mossoró, América Fernandes Rosado Maia, que conheceu quando estudava agronomia em Lavras - MG e com quem teve cinco filhos: Maria Lúcia Fernandes Rosado do Amaral, Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia Sobrinho, Lúcia Helena Rosado da Escóssia, Isaura Ester Fernandes Rosado Rolim e Leila Fernandes Rosado. Vingt-Un fez seus estudos do primeiro grau em Mossoró, no Ginásio Diocesano Santa Luzia e o curso pré-universitário no Colégio Osvaldo Cruz, em Recife - PE. Seu curso superior foi realizado em Minas Gerais, quando estudou Engenharia Agronômica na então Escola Superior de Agricultura de Lavras - ESAL, hoje Universidade Federal de Lavras. Logo que se formou, voltou para a sua terra natal, onde realizou um gigantesco trabalho cultural, educacional e científico. Amigo leal, tolerante, cordial, prestativo e solidário. Sabia fazer amigos e preservar as boas amizades, pela convivência agradável que proporcionava, devido à sua simplicidade, à sua afabilidade e, acima de tudo, à extrema fidelidade que dispensava aos amigos. Tinha uma capacidade enorme de compreender as pessoas que lhe eram caras. Foi uma das melhores figuras humanas que conhecemos. Tivemos o privilégio de ser-lhe seu amigo por 35 anos, de 1970, quando chegamos em Mossoró, até 2005, quando ele morreu. A admiração que tínhamos pelo seu caráter e pelo seu trabalho cultural solidificou a afinidade no relacionamento que tivemos e proporcionou a profunda amizade que cultivamos, sendo ele, inclusive, padrinho de batismo do meu filho, Francisco Milton Mendes Neto. Como administrador, era sério, honesto, competente, conciliador e amigo. Honrou e dignificou todos os cargos públicos que ocupou. Exerceu, pela segunda vez, o cargo de Diretor da ESAM com muito equilíbrio, procurando sempre a pacificação, a convivência harmoniosa e amistosa da família esamiana. Chefe de comportamento sereno, humilde e fidalgo, procurava resolver os problemas afetos aos seus subordinados da maneira mais humana possível. Na defesa dos interesses maiores da ESAM, soube, como poucos, transigir, conciliar, buscar o entendimento. Era vocacionado para administrar os contrários. Soube se comportar com dignidade nos momentos difíceis, atuando com sabedoria e firmeza na solução dos problemas graves da instituição. Foi conciliador e sereno no trato das questões polêmicas, mas também soube ser enérgico para vencer as crises. A determinação, a coragem e a altivez com que exerceu o poder nas horas de dificuldades, aliadas à generosidade, à abnegação, à humildade e à compreensão com que dirigiu o dia a dia da ESAM, cativou a amizade e a admiração de quase todos aqueles que faziam, à época, a Escola Superior de Agricultura de Mossoró. Possuía o desprendimento, a grandeza de caráter e o espírito público de estadista. Como amigo, como chefe e como idealista era um exemplo de dignidade e honradez. No trabalho, não se cansava na perseguição de seus propósitos. Ainda hoje, Vingt-Un nos ensina com sua lição de vida. Como cidadão, a vida de Vingt-Un foi uma aula de civismo, de humanismo e de idealismo. Sua marcante personalidade, sua extraordinária capacidade de trabalho e sua determinação fizeram com que ele sempre trilhasse os caminhos do pioneirismo com muito idealismo e sabedoria, conseguindo realizar, quase sempre, o que tinha planejado. Em tudo que fazia procurava dignificar os valores morais e culturais. Sempre tinha o trabalho cultural, que desenvolvia como um sacerdócio, e o culto aos valores morais e intelectuais como hábito. Sua presença, devido à forte personalidade que possuía, sensibilizava o interlocutor, inibindo os mal-intencionados e despertando um sentimento de admiração nas pessoas detentoras de caracteres bem formados. Enfim, Vingt-Un foi um homem íntegro, lutador, sábio e bom. À semelhança dos monges virtuosos, entregou sua vida, com total desprendimento das riquezas materiais, ao trabalho reconfortante do engrandecimento da cultura e da ciência e do aprimoramento das virtudes espirituais. 3. O INTELECTUAL Vingt-Un foi um intelectual de fama nacional, engenheiro agrônomo, professor, jornalista, paleontólogo, historiador e escritor de renome regional. Sua maior virtude foi o idealismo que possuía e que foi capaz de transformar sonhos, aparentemente impossíveis de serem concretizados, em realidades. Realizou vários de seus ideais, dentre eles a fundação da Escola Superior de Agricultura de Mossoró e da Coleção Mossoroense. A ESAM, sonhada por ele desde a década de 1940, e inaugurada em 1967, é hoje uma das mais importantes universidades brasileiras, já tendo ministrado o melhor curso de engenharia agronômica do Norte e do Nordeste do Brasil. Dentre as entidades brasileiras que editam livros, sem fins lucrativos, a Coleção Mossoroense é uma das que se destacou pela agressividade de sua programação editorial, já tendo editado mais de 4.000 títulos. De todas as instituições culturais nordestinas, a Coleção Mossoroense é a que editou o maior número de obras relacionadas com as secas, que ocorrem periodicamente na região Nordeste do nosso País. Vingt-Un foi um cientista de valor reconhecido, tendo, inclusive, sido homenageado por renomados paleontólogos, que usaram o seu sobrenome, “Rosado”, para batizar seis novos táxons de fósseis descobertos na Chapada do Apodi, no Estado do Rio Grande do Norte. Para marcar o aniversário de 70 anos de Vingt-Un, o grande zoólogo brasileiro, José Cândido de Melo Carvalho, homenageou-o com uma nova espécie patronímica de Hemíptero (Ordem de insetos). Historiador respeitado, escritor de linguagem objetiva e de estilo inconfundível, publicou mais de 120 livros e cerca de uma centena de plaquetas, se somarmos as obras de sua autoria, coautoria e as coletâneas organizadas por ele. Foi sócio da Academia Norte-rio-grandense de Letras, Academia Norte-rio-grandense de Ciências, Academia Mossoroense de Letras, Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), Academia Sobralense de Estudos e Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Instituto Cultural do Oeste Potiguar, Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, além de numerosas outras entidades culturais e científicas do Brasil e do exterior. Foi Professor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Professor Emérito da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, Primeiro Sócio Honorário da Sociedade Brasileira de Paleontologia, Primeiro Sócio Honorário da Sociedade Brasileira de Nematologia, Primeiro Sócio Honorário da Sociedade Brasileira de Algaroba e Sócio Honorário da Academia Cearense de Farmácia. Recebeu o Diploma de Amigo da Cultura do Conselho Estadual de Cultura do Ceará, Medalha do Mérito da Fundação Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais de Pernambuco e várias outras comendas de instituições culturais brasileiras. Para marcar a passagem dos 70 anos de Vingt-Un, várias homenagens foram organizadas por instituições culturais de diversos Estados brasileiros, como as que ocorreram em João Pessoa, Natal, Fortaleza, Brasilia, Rio de Janeiro, Crato e Mossoró. Em João Pessoa, diversos eventos culturais foram realizados pela Universidade Federal da Paraíba, Fundação Casa de José Américo, Academia Paraibana de Letras, Conselho Estadual de Cultura, Instituto Histórico e Geográfico Paraibano e Grupo José Honório Rodrigues, para comemorar o septuagésimo aniversário de Vingt-Un. Em Fortaleza, uma exposição de fotografias e de livros da Bibliografia da Seca, da Coleção Mossoroense, foi organizada no Salão Nobre do Náutico Atlético Cearense para homenageá-lo. Na solenidade de abertura da referida exposição, representantes de diversas instituições culturais cearenses estiveram presentes. Em Brasilia, o Centro Norte-rio-grandense de Brasília, o Correio Brasiliense e a Fundação Ozelita Cascudo Rodrigues lhe prestaram significativa homenagem, quando foi preparado no Salão de Exposição do Edifício Edilson Cid Varela, sede do complexo de comunicação (jornal, rádio e TV) do Correio Brasiliense, uma mostra representativa dos livros da Coleção Mossoroense. Na abertura da solenidade, destacadas personalidades do mundo cultural brasiliense prestigiaram o evento. No Rio de Janeiro, o Centro Norte-rio-grandense daquela cidade, com apoio de outras entidades, organizou um ato cultural, também com exposição de livros da Coleção Mossoroense. Em Natal, os 70 anos de Vingt-Un foram lembrados, de maneira efusiva, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela Academia Norte-rio-grandense de Letras, pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e pela Fundação José Augusto. Por ocasião do I Simpósio de Geologia sobre a Bacia do Araripe e Bacias Interiores do Nordeste, realizado na cidade cearense de Crato, o professor Vingt-Un foi homenageado na sessão solene de abertura do referido simpósio pelos seus 70 anos de vida. Em Mossoró, a Academia Norte-rio-grandense de Ciências, a Academia Mossoroense de Letras, o Instituto Cultural do Oeste Potiguar, a Escola Superior de Agricultura de Mossoró, a Loja Maçônica Jerônimo Rosado, a Fundação Ozelita Cascudo Rodrigues, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, o Núcleo Mossoroense da União Brasileira de Escritores e a Fundação Guimarães Duque prepararam uma semana de eventos culturais para comemorar os 70 anos de Vingt-Un. Essa semana comemorativa culminou com a XVI Noite da Cultura, tradicional reunião cultural da Loja Maçônica Jerônimo Rosado, que anualmente homenageia o criador e editor da Coleção Mossoroense. Naquele ano, foram lançados por Vingt-Un Rosado na XVI Noite da Cultura 280 títulos editados pela Coleção Mossoroense, nos últimos doze meses que antecederam a data. Aquelas comemorações , feitas em várias cidades brasileiras, demonstraram o mérito cultural deste mossoroense que se tornou nome nacional. 4. O IDEALISTA DA CULTURA Pensamos que, em lugar nenhum e em tempo algum, existiu alguém com tanto entusiasmo, com tanta determinação, com tanta dedicação, com tanto idealismo e com tanta paixão pelas letras, pelas artes e pelas ciências, iguais aos do Professor Vingt-Un Rosado. Era impressionante, e até comovente, observar o trabalho que foi dedicado por este homem à ESAM, sua maior obra e fonte de sua maior satisfação. Vingt-Un sempre sonhou com a criação de museus, bibliotecas, faculdades, institutos de pesquisa e outras instituições congêneres. Muitos desses sonhos foram realizados graças ao seu trabalho, entusiasmo e persistência. Seu maior sonho, no entanto, foi a criação da Escola Superior de Agricultura de Mossoró, concretizado 23 anos depois, e à qual dedicou boa parte de sua vida. Para as coisas da ESAM, não havia canseira nem tarefa ruim, somente dedicação, amor e paixão. Quase tudo que a UFERSA é hoje deve boa parte ao seu passado, construído por Vingt-Un Rosado. Na então ESAM, cada laboratório, cada sala de aula, cada prédio, cada congresso científico realizado teve o seu trabalho. Difícil é encontrar alguma coisa na UFERSA, feita no tempo da antiga ESAM, que não tenha tido a sua participação, a sua colaboração. A Coleção Mossoroense, idealizada, fundada e editada por ele, é uma de suas criações que tem grande divulgação em nível nacional. Essa coleção já editou mais de 4.000 títulos e é responsável pela edição da maior bibliografia sobre secas do País. Desde a sua criação em 1949 até a morte de Vingt-Un em 2005, a Coleção Mossoroense teve como editor o próprio fundador. A Fundação Guimarães Duque é uma instituição que vem dando significativo apoio à pesquisa e à cultura no âmbito da ESAM/UFERSA. De 1978, quando foi fundada, até a aposentadoria de VingtUn na ESAM, em 1991, foi presidida por seu idealizador Vingt-Un Rosado. Essa fundação foi a mantenedora da Coleção Mossoroense por muitos anos. A Fundação Guimarães Duque foi criada no lugar do Instituto Guimarães Duque de Pesquisas da Caatinga - IGDPEC, instituição idealizada por Vingt-Un, mas que não chegou a ser criada. Em 1948, quando Dix-Sept Rosado era Prefeito Municipal de Mossoró, Vingt-Un iniciou um revolucionário movimento cultural que resultou na criação de várias entidades. Mais tarde, esse movimento foi cognominado de “Batalha da Cultura” e dele nasceram a Biblioteca Pública Municipal de Mossoró (1948), o Museu Municipal de Mossoró (1948), o Boletim Bibliográfico (1948), a Coleção Mossoroense - Séries A, B e C (1949), o Curso de Antropologia Cultural (1953), a Biblioteca Infantil de Mossoró e as Noites da Cultura (1973). Na cidade de Governador Dix-Sept Rosado, quando esta era ainda Distrito do Município de Mossoró, Vingt-Un ajudou a fundar a Biblioteca Pública e a Biblioteca infantil. Desde a época de estudante, Vingt-Un tinha uma verdadeira veneração por bibliotecas. Quando cursava o primeiro grau no Ginásio Diocesano Santa Luzia , foi bibliotecário da Biblioteca Cônego Estevam Dantas daquele estabelecimento de ensino. O Padre Jorge O’Grady de Paiva, então diretor daquele ginásio, deu o seu testemunho do zelo que o estudante Vingt-Un tinha por aquela biblioteca. Disse ele: “O acadêmico Vingt-Un Rosado, ex-aluno deste educandário, que tanto soube honrar ao Grêmio Literário “Santa Luzia”, de cuja biblioteca foi notável organizador, durante anos, acaba de oferecer à mesma dois importantes livros, dos quais se salienta “O Esperado”, do grande vulto brasileiro - Plínio Salgado”. Estudante em Lavras - MG, Vingt-Un foi bibliotecário da Biblioteca do Centro Acadêmico de Agronomia da Escola Superior de Agricultura de Lavras. Mais tarde, essa biblioteca passou a ter o seu nome, em reconhecimento aos seus relevantes serviços a ela prestados. Quando servia ao Exército, como soldado, na Companhia Escola de Engenharia, em Deodoro - Rio de Janeiro, doava o seu soldo à biblioteca daquela incorporação militar, para a compra de livros e periódicos. Idealizou e ajudou a criar, várias outras bibliotecas, como a Biblioteca Orlando Teixeira da antiga ESAM, Biblioteca Raimundo Nonato da Silva, da Fundação Guimarães Duque, Biblioteca do Hospital Francisco Menescal, do antigo Instituto Brasileiro do Sal, entre outras. A criação do Museu Municipal de Mossoró e dos outros quatro museus que criou na ESAM demonstra bem o interesse pela preservação dos fatos históricos e pelo aprendizado científico. O Museu de Paleontologia Vingt-Un Rosado, o Museu de Geologia Antônio Campos, o Museu de Zoologia e o Museu da Memória da ESAM, todos criados na Escola Superior de Agricultura de Mossoró, sob sua inspiração e colaboração, atestam-lhe a convicção da importância dessas instituições para o aprimoramento cultural e científico dos seus usuários. Seu carinho e a sua dedicação a essas casas de ciência e cultura se fortaleceram quando ele morou no Rio de Janeiro, no período em que presidia o Instituto Brasileiro do Sal. Naquela época, ele visitava, com frequência, o Museu Nacional e lá fez importantes e sólidas amizades com vários de seus pesquisadores, o que lhe valeu a Vice-presidência da Sociedade dos Amigos do Museu Nacional. Difícil é encontrar alguma entidade cultural ou científica criada em Mossoró, na segunda metade do Século XX, que não teve a sua participação no processo de fundação. A criação do Instituto Cultural do Oeste Potiguar - ICOP, da Academia Mossoroense de Letras - AMOL, da Academia Norte-riograndense de Ciências - ANOCI, do Núcleo Mossoroense da União Brasileira de Escritores e da Sociedade Cultural e Recreativa dos Engenheiros Agrônomos de Mossoró - SCREAM teve a participação ativa de Vingt-Un Rosado. Além de sua contribuição para a organização das três instituições idealizadas pelo professor Benedito Vasconcelos Mendes - AMOL, ANOCI e SCREAM, Vingt-Un foi ainda o primeiro presidente destas três entidades, por indicação de seu idealizador. A Escola Superior de Agricultura de Mossoró, nos primeiros anos de sua existência, notabilizou-se pelos congressos científicos nacionais que realizou. Esses eventos divulgaram, no Brasil e no exterior, o nome da ESAM e possibilitaram a visita, a seu campus central, de importantes figuras do mundo científico, de praticamente todos os Estados brasileiros e de muitos outros países. Antes da criação da ESAM, Vingt-Un já tinha ajudado a realizar, em Mossoró, dois congressos em nível nacional: a XV Assembleia da Associação dos Geógrafos Brasileiros (1960) e o II Congresso Brasileiro de Paleontologia (1961). A ESAM sediou o XXV Congresso Nacional de Botânica (1974), VIII Congresso Brasileiro de Fitopatologia (1975), II Congresso Brasileiro de Florestas Tropicais (1976), V Encontro dos Malacologistas Brasileiros (1977), III Reunião Brasileira de Nematologia (1978), XVIII Congresso Brasileiro de Olericultura (1978), I Congresso Brasileiro de Agrometeorologia (1979), VII Congresso Brasileiro de Zoologia (1980), X Reunião Brasileira de Nematologia (1986) e o II Simpósio Brasileiro sobre Algaroba (1987). A organização de quase todos esses conclaves em âmbito nacional teve a participação minha e do Professor VingtUn. O I Curso de Atualização em Nematologia (5 a 23 de janeiro de 1981), idealizado e coordenado por mim, só foi possível graças a seu apoio. Este curso de Pós-graduação foi de grande significação para a Nematologia Vegetal brasileira, haja vista que este curso foi ministrado pelos maiores expoentes da Nematologia nacional e todos os seus alunos já possuíam mestrado. Esse depoimento é fruto do conhecimento que temos sobre a vida de Vingt-Un Rosado, adquirido pela convivência quase diária de 35 anos de amizade ininterrupta. Não nos detivemos em detalhes de sua vasta obra literária, tampouco de sua vida em particular. Analisamos apenas alguns aspectos de sua vida pública, quando o interpretei à ótica tridimensional do saber, do idealismo e da capacidade realizadora. Esta é a visão que temos deste homem extraordinário, que soube viver crescendo moralmente, espiritualmente e intelectualmente. A maior obra de Vingt-Un é seu exemplo de vida. 

* Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutor. Membro Efetivo da Academia Norte-rio-grandense de Letras, Academia Mossoroense de Letras, Instituto Cultural do Oeste Potiguar, Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e do Centro Cultural dó Ceará