sexta-feira, 28 de maio de 2021

NOVOS ARES

Vanda Maria Jacinto Escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa v.m.j@hotmail.com Não sei se acontece também com você, mas, quando atinjo um grau insustentável de rotina, procuro logo atalhos que me levem para rumos diferentes. A rotina é algo terrível que nos deixa apáticos ou facilmente irritáveis e chatos. Pelo menos, comigo é assim. Nada me satisfaz. E tem mais: nem sempre funciona buscar alento nas atividades dentro de quatro paredes. Para resolver os problemas, só mesmo saindo de casa por algum tempo. Assim, uma manhã na praia ou mesmo uma visita relâmpago pelas cidades vizinhas pode sanar, ainda que temporariamente, a minha inquietação. Mas pode ser uma viagem mais longa, como as que faço, vez por outra, para Natal – cidade que amo de paixão. Tudo nela me encanta. Com especialidade, a Praia de Ponta Negra, mesmo sem poder subir na Careca do Morro… Ou então, o jeito estranho da fala do natalense. Espero que você entenda, ‘visse’? Talvez, por ter sido a primeira cidade onde morei aqui no Rio Grande do Norte – sabe aquele amor à primeira vista? Foi mais ou menos assim. Voltando ao assunto. Pode parecer estranho, mas é incrível como a rotina nos acompanha como a própria sombra… Cheguei quinta-feira. Hoje é segunda, entretanto, acredite, já estou louca para voltar. Atribuo ao fato de ter ficado dentro do apartamento o tempo todo. Às vezes, chego a pensar que sou hiperativa, não é possível que não. Infelizmente, não posso voltar agora, sem que resolva uns probleminhas simples, porém, é necessário que sejam sanados. Preciso me conter. Vou ter que rever meus itinerários, já que ficarei por aqui mais do que o previsto. Bem que poderia ficar alguns dias sem um esquema a seguir. Não sei se consigo porque rotina é assim, chega sem aviso prévio e, quando você se dá conta, já está tudo dentro da nova programação. Embora a previsão hoje para o clima seja de temporais com relâmpagos e temperatura máxima de 26 graus, o sol já despontou radiante. A melhor pedida ainda é procurar uma praia deserta para passar o tempo, haja vista a secretária vir hoje para uma faxina, daí nada mais correto do que debandar. Quem sabe, ir lá pelos lados de Tabatinga, relembrar o tempo em que ia com os filhos, ainda pequenos… Só em pensar já estou me sentindo feliz. Ainda bem que trouxe roupas de banho. Aprendi com a minha mãe que uma mulher precavida vale por mil. Acredito piamente na máxima. Por isso, arrumo a bagagem com quinze dias de antecipação da viagem. Não suporto precisar de algo no percurso e não encontrar. Melhor apertar o passo antes que desabe o bendito temporal. Vamos lá. Bagagem para o passeio matinal: máscara, álcool em gel, squeeze, toalha, protetor solar, escova de cabelo, salgadinhos, chocolate e um olhar expectante para captar toda beleza possível. Sim, mudanças de rumos nos últimos instantes... Iremos lá para as bandas do norte – Punaú… Não conheço, não que lembre. Novos ares não combinam com velhas rotinas. Portanto, ela não cabe nessa bagagem. Pegando a estrada em 3, 2, 1...