segunda-feira, 17 de agosto de 2020

ANIVERSÁRIO DA AFLAM COM LANÇAMENTO

            A AFLAM - Academia de Letras e Artes de Mossoró - está comemorando hoje, treze anos de sua criação. 
       A entidade surgiu da ideia da poetisa Fátima de Castro e abraçada por escritoras, jornalistas, poetisas, desenhistas, atrizes e de profissionais outras artes, como bem registrou o jornalista César Santos, em sua coluna no Jornal de Fato.
       Sua atual presidente, Taniamá Vieira da Silva Barreto, ainda aguarda passar esse período de pandemia para assumir o cargo.
       Taniamá Vieira da Silva Barreto escreveu sobre a AFLAM.        

       "Lá se vão treze anos de crescimento, lutas e incentivos ao desenvolvimento cultural de Mossoró, congregando escritoras, poetizas, pintoras, musicistas e artistas em geral, ressaltando a memória e o pensamento vivo de figuras femininas do País de Mossoró, expressão do saudoso Vingt-un Rosado.
       O significado poético pode ser decantado através dos versos de elogio à AFLAM, de nossa autoria em 2008, dos quais teve origem o Hino Oficial da nossa Academia, como segue:
       AFLAM, és compromisso; és viver
       Pulsa no peito o orgulho de você
       Do caminhar de mulheres heróicas
       Passarás a ser meritórica.
       E assim cresce a AFLAM, contribuindo para a projeção das atividades literárias das mulheres, instigando à reflexão criativa de novos saberes.               Parabéns, AFLAM, pelos seus feitos e sua história de treze anos semeando a cultura".

       De forma virtual, Taniamá estará lançando às 18 horas de hoje, Mergulho nas Elucubrações Poéticas de uma Campesina.
       Segue o convite, com o link para o lançamento em transmissão ao vivo.




domingo, 16 de agosto de 2020

SALA DE LEITURA COM BENEDITO VASCONCELOS MENDES

 

Benedito Vasconcelos Mendes


Por Lúcia Rocha

luciaro@uol.com.br


        Benedito Vasconcelos Mendes é engenheiro agrônomo, nascido em Sobral, em 31 de agosto de 1945, filho de funcionário do Banco do Brasil, e de uma dona de casa. Ainda na adolescência, perdeu o pai.
         Neto de agropecuaristas, Benedito Vasconcelos passava suas férias na fazenda dos avós e, criança ainda, já gostava de animais, de plantas e da vida no campo. Tudo isso fez parte da sua infância, então, era natural que fosse estudar agronomia na capital, Fortaleza, pois em Sobral não havia segundo grau. Em Fortaleza, lecionava enquanto estudava e, contra a vontade da mãe, graduou-se na Universidade Federal do Ceará. Depois fez mestrado em Viçosa, Minas Gerais; e Doutorado, na USP, em São Paulo.
        Benedito Vasconcelos tem sua vida profissional totalmente em Mossoró, que adotou como sua. Aqui, foi professor na antiga ESAM – Escola Superior de Agronomia de Mossoró - hoje UFERSA – Universidade Federal Rural do Semiárido - onde chegou a ser diretor geral e ocupou diversos cargos na administração pública, em nível estadual e federal.
        Benedito Vasconcelos Mendes é um entusiasta estudioso em semiárido, logo se destacou como professor, como pesquisador e como autor, já publicou centenas de livros e trabalhos científicos. Escreve sobre o Nordeste, sobre o sertão, a vida do sertanejo, os animais de nossa fauna, o clima semiárido, enfim, tudo sobre o desenvolvimento regional, e atualmente é a maior autoridade viva sobre semiárido em nível mundial.  
        Dentre suas obras, destaco o livro Benedito Vasconcelos Mendes – Um Projeto, Vários Desafios, organizado por Susana Goretti e Taniamá Vieira da Silva Barreto. Este livro é um documentário sobre sua vida, com a participação de alguns dos seus inúmeros amigos, escritores e pesquisadores, que deram testemunhos de experiências vivenciadas com o doutor Benedito Vasconcelos Mendes.    
        Na primeira orelha do livro, o reitor da UFERSA, doutor José de Arimatea de Matos escreve que doutor Benedito Vasconcelos Mendes é uma pessoa a serviço da ciência e do sertão nordestino.
        No primeiro capítulo, diz: “Seu envolvimento com a vida nordestina ultrapassa as divisas do cotidiano físico do sertão. Benedito deixa a sua marca de pesquisador em todos os espaços, ou seja, nas universidades onde atuou e atua, sendo reconhecido por muitos como um dos maiores pesquisadores do semiárido nordestino”.       

Alguns livros de destaque: As Artes na Civilização da Seca
                                           Cozinha Sertaneja
                                            Arte e Cultura do Sertão
                                            Reflexões Sobre o Nordeste
                                            Plantas e Animais para o Nordeste
                                            

         Benedito Vasconcelos Mendes é membro de diversas academias e instituições históricas e geográficas, como por exemplo: Academia Norteriograndense de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, Academia de Ciências Jurídicas e Sociais – ACJUS – Academia Mossoroense de Letras, Academia Cearense de Ciências, Academia Cearense de Letras e Artes do Rio de Janeiro, Academia Sobralense de Estudos e Letras, Instituto Cultural do Oeste Potiguar, sócio-honorário da AFLAM – Academia Feminina de Letras e Artes de Mossoró e vamos ficar por aqui, porque o homem é um fenômeno, em se tratando de títulos e homenagens, não somente acadêmicos, todos dignos de seus méritos. 
         Benedito Vasconcelos tem quatro filhos do primeiro casamento com a doutora Maria José. Em segundas núpcias, é casado com a pesquisadora, historiadora e escritora, Susana Goretti Lima Leite.  
        Com Susana Goretti, Benedito Vasconcelos Mendes conseguiu realizar um antigo sonho, a criação do Museu do Sertão. Fazia mais de trinta anos que  viajava pelos sertões nordestinos e juntava peças do antigo setor de produção rural, como por exemplo, equipamentos e máquinas, utensílios, implementos agrícolas, apetrechos de trabalho e até mobiliário típicos da vida do sertanejo e do homem do campo.
        Doutor Benedito reuniu tudo na sua Fazenda Rancho Verde, na estrada da Lagoinha, aqui em Mossoró. No Museu do Sertão o casal Benedito e Susana, promove passeios escolares, com alunos da rede pública e particular de ensino, reúnem autoridades, artistas, escritores, profissionais da cultura, artesãos locais, que se apresentam, expõem seus produtos e livros, enfim, sua arte.
        Uma vez por ano, sempre no final de agosto, mês de seu aniversário, doutor Benedito e Susana abrem o Museu do Sertão para receber amigos e convidados especiais, gente de todo o Nordeste, ocasião em que celebram a vida com uma missa, há palestras sobre o Nordeste, claro, promovem a Feira do Livro de Mossoró, na qual autores expõem e autografam suas obras.
        Em 2007, quando gravamos o programa Mossoró de Todos os Tempos com o doutor Benedito, lá no Museu do Sertão, ele disse que duas coisas lhe davam prazer e que tinha dois olhos: um para estudar, pesquisar e escrever; e o outro para fazer o Museu do Sertão.
        Agora vou contar minha primeira experiência com doutor Benedito Vasconcelos Mendes. Morei muito tempo em São Paulo e, só tomei conhecimento dele no meu retorno. Passei a frequentar as livrarias da cidade, resolvi fazer uma pesquisa entre os clientes. Passei a perguntar qual a biografia que comprariam para os filhos. Em primeiro lugar deu Vingt-un Rosado; em segundo, o jornalista, Dorian Jorge Freire; e em terceiro, o historiador e escritor, Raimundo Soares de Brito, o Raibrito. Quando levei a pesquisa para Vingt-un e, crente que me concederia o prazer de biografá-lo para crianças, ele falou o seguinte: “Menina, vá biografar Benedito, ele, sim, tem muita história para contar e merece uma biografia”. Eu perguntava quem é Benedito e ele insistindo para que eu procurasse e biografasse doutor Benedito, que ele tinha uma história mais interessante do que a dele, Vingt-un. Veja só, ouvinte, quem é Vingt-un? O Rosado mais eternizado na memória do norteriograndense e que daqui a cem anos, sua obra e seus feitos na cultura potiguar estará sendo estudada e comentada. Ele foi o homem que editou mais de quatro mil títulos, isso mesmo, mereceu reportagens na imprensa nacional e, tão simples, dizendo-me que doutor Benedito Vasconcelos Mendes, nosso enfocado de hoje, era muito mais importante do que ele. Bom, ficamos por aqui com esse Sala de Leitura com doutor Benedito Vasconcelos Mendes.
         Quero mandar um alô para o ouvinte Joaquim Bezerra de Andrade, em São Luiz, no Maranhão. Para os atores, Tony Silva e Expedito Duarte, em Mossoró e Antonio Ysmael, no Rio de Janeiro.
          Esse quadro Sala de Leitura recebe o apoio dos jovens pesquisadores e escritores, Edilson Guimarães Segundo, Marcos Antônio de Oliveira e Lindomarcos Faustino.

 

sábado, 15 de agosto de 2020

PADRE SÁTIRO

 


Por José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo
Pesquisador e membro efetivo do Instituto Cultural do Oeste Potiguar
jesegundo@hotmail.com

 

Fazenda Poço de Pedra, zona rural de Pau dos Ferros, propriedade de Sátiro Ferreira Nunes. Homem respeitado que, por essa razão, era conhecido como Coronel Sátiro. Pois bem, aos 22 de janeiro de 1930, a sua filha Erondina Cavalcanti Dantas e o esposo João Fernandes Dantas ganharam mais um filho: Sátiro Cavalcanti Dantas. Recebeu esse nome em homenagem ao avô materno e, por isso, era chamado Netinho. Da extensa prole de doze filhos, sobreviveram cinco: Socorro, José Fernandes Dantas, Sátiro, Francisca Dantas e Erondina Dantas.

A infância do menino Sátiro foi em Pau dos Ferros, chegando a morar em Marcelino Vieira e Antônio Martins. Seu pai, João Fernandes Dantas, paraibano da cidade de Pombal, foi ferroviário trabalhando como apontador na construção da estrada de ferro Caraúbas-Patu. O engenheiro era Pedro Leopoldo da Silveira, o pai de Padre Alcir Leopoldo Dias da Silveira (meu avô materno e tio, respectivamente). Perdeu o pai bastante cedo, com quarenta e dois anos. Coube à viúva, Dona Erondina, assumir a árdua missão de cuidar dos cinco filhos e do armazém que o seu esposo mantinha há pouco tempo. Esse armazém era sortido. Vendia do sabão à fazenda, do pirulito que vinha de Manoel Negreiros, de Mossoró, das Lojas Manoel Negreiros, ao queijo de Janduís-RN. Contudo não prosperou. Em menos de dois anos, foi à falência. A inexperiência de Dona Erondina e os filhos José Dantas e Sátiro contribuíram para o seu fechamento. Para o jovem Sátiro foi uma experiência muito marcante, porque seria um começo de uma longa jornada. Com dificuldades financeiras, Netinho passou a vender água de jumento extraindo o precioso líquido das cacimbas e do Açude 25 de Março. Com essa modesta renda, Sátiro comprou o enxoval, quando estava se preparando no Seminário Santa Teresinha.

Na família, inicialmente, quem desejava ser padre era o seu irmão José Dantas. Quando seu pai, João Dantas, foi doente para Recife-PE, com um tumor no estômago e desenganado pelo médico Lavoisier Maia, em Mossoró. Resiliente, João Dantas, antes de falecer, fez recomendações para José Dantas, que ele chamava de Dedé, e Sátiro, chamado de Netinho: “Dedé quer ir para o seminário, incentive. Netinho é meio peralta, ainda não sabe o que quer, mas ele vai ser alguém, também”.

A partir daí, a situação se inverteu. A vocação sacerdotal do irmão mais velho foi transferida para Sátiro. Zé Dantas foi para Mossoró estudar. Sátiro ficou em contato com o padre Manoel Caminha Freire, seu grande incentivador. Além dele, apenas a sua mãe acreditava que o jovem Netinho queria ser padre. Sobre o tema, Sátiro se recorda com saudade da professora no Grupo Escolar Joaquim Correia, Sotera Arruda. Dona Sotera havia dito: “esse menino é inteligente quer ir para o seminário estudar bem e depois ser doutor, não quer ser padre”. Mas Padre Caminha e Dona Erondina insistiram, e Padre Caminha afirmou, taxativamente: “se Mossoró não aceitar você, eu lhe mando para Limoeiro do Norte, no Ceará”.

Sátiro chegou ao seminário com uma turma atrasada no dia 9 de fevereiro de 1943. Nesse dia foi a primeira vez que o jovem seminarista viajaria num trem. Chegando às 10 horas da manhã e às 10 horas mesmo foi levado para o seminário. O reitor era Padre Huberto, a quem Sátiro deve bastante a sua formação. Padre Huberto fazia um diário. Na chegada do jovem seminarista depois de um mês ele dizia: “Chegou um tal de Netinho, pelas aparências vai ser gente. Promete e muito”. Essa observação de Padre Huberto foi extraída do livro Memorial do Seminário de Mossoró do ex-seminarista upanemense Josafá Inácio da Costa e mencionada por Sátiro em entrevista para o programa Mossoró de Todos os Tempos da TCM (TV Cabo Mossoró), em 2011.

Padre Sátiro também estudou nos seminários de Fortaleza-CE e Olinda-PE e em São Leopoldo-RS, onde cursou Filosofia, de 1949 a 1951. Sátiro tinha uma grande admiração pela ação católica. O segundo bispo de Mossoró, o pernambucano Dom João Batista Portocarrero Costa (1904-1959) disse: “Olha a Teologia. E você faz Filosofia em São Leopoldo e depois vai fazer Teologia na Argentina”. Estava no auge da ação católica. E Dom Costa era o papa da Ação Católica no Brasil, ele e Dom Hélder Câmara. Em Buenos Aires estava o Cardeal Caggiano, que era o ‘ás’ da Ação Católica na América Latina. Quando Sátiro estava terminando Filosofia, em São Leopoldo, Dom Costa mudou de ideia e lhe comunicou: “Você não vai mais para a Argentina, você vai para Roma”. Roma para um estudante sacerdotal eclesiástico era um sonho. Chegando no Vaticano em 1951, Dom Costa o orientou a estudar a Ação Católica. Sátiro fez um estudo paralelo sobre a Juventude Operária Católica (JOC). Dom Costa foi transferido por causa de doença. Em seu lugar, veio o dinâmico baiano Dom Eliseu Simões Mendes (1915-2001). Foi Dom Eliseu que ordenou Padre Sátiro no dia 8 de dezembro de 1954, em Roma. Data especial porque era o Cinquentenário do Colégio Imaculada Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Pau dos Ferros.

Sátiro passou ainda um ano em Roma, como padre. Retornou a Mossoró no dia 28 de novembro de 1955 para ser secretário do Colégio Diocesano, lá no prédio velho (hoje, agência do Banco do Brasil), localizado na Praça Vigário Antônio Joaquim. Mais uma vez a sua vida teve que passar por grandes desafios. Porque, em nenhum momento imaginou em ser professor, já que não tinha feito matéria pedagógica, nos locais em que estudou. No outro dia, estava com o cearense Cônego Francisco Sales Cavalcanti (1911-1991), então diretor. No colégio lecionava História e outras disciplinas. Em 1956 foi nomeado professor da Escola Normal de Mossoró. Ministrava as suas aulas de batina branca. Nessa lendária instituição educacional mossoroense exerceu a docência por 22 anos. Ainda em 1956, em 9 de junho presenciou a inauguração do novo prédio – e atual - do Colégio Diocesano Santa Luzia, graças ao esforço incessante do Cônego Sales, que esteve à frente da construção.

Em 30 de dezembro de 1956 foi nomeado Capelão da São Vicente. Função que ocupou até o dia 2 de setembro de 2012, depois de relevantes serviços prestados àquela comunidade religiosa e patrimônio cultural da cidade. Afinal de contas, nunca é demais lembrar que foi nas imediações da Capela de São Vicente que houve a maior resistência de Mossoró, ao bando do temível cangaceiro Lampião. Nas suas proximidades, o cangaceiro Colchete foi morto e Jararaca baleado, falecendo seis dias depois.

Em 1º de janeiro de 1961, foi nomeado diretor do colégio pelo 4º Bispo de Mossoró, o cearense Dom Gentil Diniz Barreto (1910-1988). No secular educandário criou a Universidade Infantil de Mossoró (UNIFAM), em 1976, construiu o parque poliesportivo, capela ecumênica e diversas salas de aula. Nas dependências do Colégio Diocesano Santa Luzia, criou o Ginásio Centenário, o Cardeal Câmara e o Dom Costa. Quando Capelão da São Vicente, Sátiro criou, aos 13 de junho de 1974, a Escola 13 de Junho.

Em 5 de março de 1981, Padre Sátiro criou a Fundação Sócio-Educativa do Rio Grande do Norte (FUNSERN). A FUNSERN é um complexo educacional de ampla atuação que envolve as instituições: Pastoral da Gruta, Creche Erondina Cavalcanti Dantas, Biblioteca Dorian Jorge Freire, Banda de Música Cabo Pereira, Posto de Saúde Alice Almeida, FM Santa Clara (inaugurada em 18 de maio de 1988), Mosteiro da Fraternidade São Francisco de Assis, no bairro Dom Jaime Câmara, inaugurado em 11 de agosto de 1999 na rua Erondina Cavalcanti Dantas.

Em 1985, Padre Sátiro se engajou no processo de estadualização da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Nessa época, a futura universidade era vinculada ao município de Mossoró. Como reitor da instituição, Sátiro enfrentou uma grave crise, com seis meses de salários atrasados. Nesse processo contou com a colaboração do conterrâneo e amigo, Canindé Queiroz, o apoio necessário para luta que estaria por vir. Foi até Natal sozinho para conversar com o governador á época, Radir Pereira. O ano era 1986. Campanha eleitoral para governador do Estado. Cada um dos candidatos manifestou seu apoio. Geraldo foi o primeiro e explodiu uma bomba, dizendo ao público: “Se Radir não estadualizar a universidade, o primeiro ato do meu governo vai ser a estadualização”. A história se deu que a universidade foi estadualizada no dia 7 de janeiro de 1987. Radir certo que Sátiro ficaria no segundo mandato. Mas não. Para Padre Sátiro, a missão já estava cumprida.

Embora, tivesse ligação política na família, pelo lado materno, Padre Sátiro optou por não participar ativamente. O seu avô era político. Seus tios maternos, os advogados Israel Ferreira Nunes e Licurgo Ferreira Nunes, também. O primeiro foi deputado por vários mandatos, ao passo que o segundo foi prefeito de Pau dos Ferros. Chegou a ser convidado para se candidatar a Prefeito de Mossoró em 1972. Declinou do convite, peremptoriamente.

Em 25 de setembro de 1988, fundou com vários intelectuais mossoroenses, a Academia Mossoroense de Letras-AMOL. É o primeiro ocupante da cadeira 11, cujo patrono foi Luiz Ferreira Cunha da Mota, Padre Mota (1897-1966). Essa entidade cultural lhe era bastante familiar, visto que seu tio materno, médico Raimundo Nonato Cavalcanti Nunes (Raimundo Nunes) foi o primeiro ocupante da cadeira 28. Raimundo Nunes faleceu aos 19 de janeiro de 1990 em Natal-RN. Quem sucedeu seu tio foi o seu irmão, José Fernandes Dantas. É sócio do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) e da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró (ACJUS).

Publicou vários trabalhos: Contribuição de Leão XII à questão social (1966); Homenagem Póstuma ao Acadêmico Raimundo Nonato Nunes (1990); Os Bastidores de uma Luta (1991), dentre outros.

Com uma trajetória reconhecida em defesa da Educação e da Sociedade Potiguar, o Padre Sátiro Cavalcanti Dantas lançou na noite de 08 de dezembro de 2015, o livro Reflexões – Programas da FM Educativa Santa Clara. Trata-se de uma coletânea dos melhores momentos de seu programa diário na FM Santa Clara (105), apresentado sempre às 18h. O título foi cuidadosamente compilado pelos escritores David Leite e Clauder Arcanjo, da editora Sarau das Letras, em uma justa homenagem ao padre. A data marcou os 61 anos de sua ordenação sacerdotal e os 161 anos do dogma da Imaculada Conceição.

Padre Sátiro deixou a direção do Colégio Diocesano Santa Luzia em 8 de junho de 2016, em bela solenidade. Emocionado, pediu ao bispo Dom Mariano Manzana que o seu dileto conterrâneo, Padre Charles Lamartine de Sousa Freitas, o sucedesse.

Sátiro mantém a sua participação nos eventos, inaugurações, solenidades, lançamentos, na cidade de Mossoró. Apesar de não se considerar como presença ativa, e sim mais contemplativa e de entusiasmo. Ele, de fato, entusiasma as gerações novas. Porque a sua atividade fecunda nos mais diversos ramos de atividade, enriquece não apenas a gleba mossoroense, como o oeste potiguar, em especial.

Em sua terra natal, Padre Sátiro foi merecidamente homenageado, como patrono de biblioteca, a Biblioteca Setorial Padre Sátiro Cavalcanti Dantas do Campus Avançado de Pau dos Ferros. Inaugurada em 30 de novembro de 2018 pela manhã, contou com a ilustre presença do homenageado. Na ocasião, num dos momentos mais marcantes da solenidade, afirmou Padre Sátiro, sendo muito aplaudido.

 

Não escrevi nenhum discurso de propósito, para que meu coração se abrisse em Pau dos Ferros… Quero documentar minha presença nessa solenidade e na Biblioteca, para que ela tenha sempre uma parte de mim. Por isso, decidi doar toda a obra de Santo Agostinho do acervo da minha biblioteca pessoal.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

O ÚLTIMO SÁBADO DO MÊS...

 


Foto de Emanoel Monte


Por Ângela Rodrigues
angelargurgel@gmail.com


 "O sábado foi feito por causa do homem,
e não o homem por causa do sábado”. 

Marcos 2:27

 

     Saudades do ar do sábado, mas especificamente, do último sábado do mês. Ele tinha cheiro de poesia, gosto de amizade. Sabor de alegria. Era o nosso sábado. Um sábado para tomar café com os amigos do grupo literário Café&Poesia. E, de súbito, eles saíram de nosso calendário. Ninguém nos avisou que doeria tanto. Ou quanto tempo demoraria essa “quarentena”. 
       Não nos preparamos para ficar sem “nosso sábado”, sem as palestras, as rodas de conversas, o canto de Tony Silva, a presença querida e poética de nosso Poeta Maior – Antônio Francisco. Não estávamos prontos para ficar sem nossas manhãs literárias. Sem nossos companheiros e convidados. Chegamos a acreditar que seria rápido.  Estávamos errados. 
       Continuamos em isolamento social. O amanhã ainda não chegou. Estamos presos ao agora.   E o nosso agora é feito de incertezas, insegurança. Bendita seja a arte que nos ajuda nessa travessia. Abençoados sejam todos que participam do Café&Poesia que nesse tempo de isolamento tem usado as redes sociais como uma alternativa para “nossos encontros”. Nosso grupo de WhatsApp tem sido nosso lugar de conversas, poesia, informações e diversão. 
       O nosso café virtual. Nosso ponto de encontro. Diariamente somos brindados com o “Vamos poetizar o nosso dia?” de Vanda Jacinto, a postagem do Evangelho feita por Dr. Marcos Araújo, a Meditação da palavra por Pe. Manoel Guimarães, o Santo do Dia, por Raí Lopes, que também posta o link da página dois do Jornal DeFato, onde alguns membros do grupo escrevem quinzenalmente. Além dessas postagens diárias temos, vez por outra, as sensacionais recitações de Dom Marcelo, que traduz nossos poemas para o espanhol e os recita na língua de Cervantes. 
        Os maravilhosos recortes poéticos de Flávia Arruda com seu ensaio boudoir, a poesia de Célia Medeiros, Dulce Cavalcante, Ieda Chaves, Kalliane Amorim, Lília Sousa, Margareth Freire, Marlene Maia, Riz Silva, Socorro Gurgel, Vanja Reis, cordel de Aldaci de França e Sergio Rubens, as apresentações de Paulo Caldas Neto no piano e os áudios de Raí Lopes ao violão. 
        Estamos com saudades dos vídeos de Dr. João Paulo de Medeiros tocando sua guitarra. Parece muito? Ainda não acabou, tem os exercícios/desafios que rendem belos textos. Já escrevemos sobre rede, mesa, pia, pandemia. Eriberto Monteiro traz as notícias da Fundação Vingt-Um Rosado, Clauder Arcanjo e David de Medeiros aparecem esporadicamente com notícias sobre novos lançamentos e divulgação de nossas publicações. 
         Não importam se eles estão no Norte, Sul, Sudeste ou Nordeste (precisamos encontrar alguém do Centro-Oeste para juntar-se a nós), se aparecem todo dia ou não, todos são notas importantes dessa imensa sinfonia poética. Além dos assuntos locais ainda compartilhamos textos de autores da literatura nacional/mundial e celebramos a vida e as conquistas dos amigos. Nossas festas de aniversário duram o dia inteiro. Começam a meia-noite e vão até o último segundo do dia.
      Nosso grupo tem de tudo um pouco e muita, muita brincadeira. E assim, entre orações, poesias, informações e muito humor vamos enfrentando esse distanciamento e acreditando que a literatura, somada a fé e a amizade, pode nos ajudar a atravessar esse período, mesmo que para isso precisemos atravessar a imensidão do espaço e transcender os limites geográficos. Encontramos, na poesia e amizade, uma forma de, mesmo distantes, continuarmos perto um do outro.
      Esse interesse comum nos mantém juntos, apesar de separados fisicamente. Enquanto perdurar essa pandemia vamos continuar nos cuidando e alimentando nossas almas com esses encontros nos espaços virtuais e sonhando com o dia que voltaremos a nos encontrar para um café com muitas risadas, abraços, tapiocas, poesia e tudo mais que temos direito.  Somos gratos pela presença da arte em nossas vidas, sabemos que ela não nos dá (todas) as respostas, mas nos ajuda a formular perguntas que dizem muito sobre nós mesmo, o outro e tudo que nos cerca. 
       Ela nos permite alcançar outros mundos, desbravar outros caminhos e ajuda a perceber as “coisas banais” que se transformam em matéria prima para nosso ofício de burilar palavras, lapidar versos e desenhar poesia nessa íngreme paisagem de um cotidiano afetado por um monstro invisível que tem revelado o pior e o melhor das pessoas.  Se “o sábado foi feito por causa do homem” nós fizemos o Café&Poesia para (re)significar os sábados daquele que gostam de arte, esse farol que nos ilumina e não deixa a vida escurecer. Ela nos salva e nos liberta. 
      É nosso barco, nosso porto, nossa âncora e nosso mar. Confesso, não está sendo fácil conviver com essa pandemia, mas sem a poesia, essa arte capaz de “dizer o indizível, exprimir o inexprimível e traduzir o intraduzível” e a amizade desse grupo, certamente seria muito mais difícil. Vida longa ao Café&Poesia! Esse espaço tão plural e tão cheio de vida.

 

ACJUS GANHA SEDE

 


                                            


Sede própria da ACJUS


Por Lúcia Rocha
luciaro@uol.com.br


         Do advogado e presidente da ACJUS -  Academia de Ciências Jurídicas e Sociais de Mossoró, recebi mensagem avisando que está sendo concluída a construção da sede própria daquela instituição literária, que se chamará Palácio Cultural Milton Marques de Medeiros.   
       Segundo Wellington Barreto, as obras da sede avançam para a parte final, inclusive, já na iniciaram a fase de pintura. 
      Com certeza, o Palácio Cultural Milton Marques de Medeiros, será em breve uma das mais exuberantes sedes de uma instituição cultural do Rio Grande do Norte e do Nordeste.  
      Na obra, estão trabalhando um pedreiro, um servente e um mestre de obras, além de mais quatro operários, entre pintores e auxiliares. 
      Ainda não há data acertada para a inauguração, mas desde já estimo que a comunidade local colabore com essa obra e que a ACJUS tenha como finalidade também abrir as portas da instituição na formação de novos autores, promova encontros e cursos para estudantes da rede pública e privada de ensino, além da comunidade universitária.
      Mossoró ganha uma casa de cultura e literatura, porque assim sendo, o saudoso professor, médico e homem de comunicação, Milton Marques de Medeiros, estará feliz, onde quer que esteja.   
      A sede da ACJUS localiza-se na Rua Cleodon Almeida, no Conjunto Abolição 2, ao lado do templo da Assembleia de Deus.  

    


                                                           Wellington Barreto




segunda-feira, 10 de agosto de 2020

PEQUENA HISTÓRIA DO MUNDO

 


Por José de Paiva Rebouças
josedepaivareboucas@gmail.com

    Fotos de famílias são fragmentos da realidade que vão se tornando relíquias ao longo do tempo. Uma imagem de quase trinta anos mostra meu pai ladeado por meus avós maternos. Há muito, reparo esse freme desse tempo antigo, mas só na última vez tive uma atenção muito específica para os pés desses personagens. Meu pai de botas pretas e calça jeans, meus avós de sandália de dedo, ele de calças, ela de vestido. Que pés interessantes, percebi, tortos, tão desorganizados que demonstravam todo o sofrimento enfrentado ao longo de mais de sete décadas.
      Reparando atentamente à estrutura de meu avô, um senhor da terra, silencioso e de poucos direitos, notei características adaptativas interessantes. Braços mais longos em relação ao corpo, coluna levemente inclinada para frente e os benditos pés com dedos indicando o centro do corpo e quase completa ausência de arco longitudinal medial. Secos, encardidos e duros. Sempre de chinelos, ele caminhava horas a pé por necessidade. Tinha um passo lento, mas tão firme que era difícil acompanhá-lo. Menino, logo cansava e ele, paciente, parava e ficava me esperando chegar para, dali alguns minutos, repetir a mesma ação.
      Lembro agora que meu avô tinha um ritmo muito peculiar. Como um relógio atômico que nunca atrasa. Na roça, baixava os pensamentos e, logo, estava dando duas por uma em qualquer um. Quer dizer, ele sempre estava duas carreiras de legumes à frente da gente que se distraía conversando ou bebendo água.
      Estranhamente, minha avó que passou a vida inteira dentro de casa também tinha os dedos para dentro. Os dois eram primos e isso pode ser uma característica genética herdade. Não conheci meus bisavós para confirmar, mas posso dizer que meus tios têm essa característica, eu não, nem minhas filhas. Costumo olhar pés e mãos de meus parentes para procurar essas semelhanças e elas existem.
      É interessante porque aqueles pés foram adaptados para uma vida dura de muita caminhada, ele na estrada, ela dentro de casa, o dia todo indo e vindo pela cozinha e terreiro. Cidadãos do Brasil profundo onde a Constituição não chega em sua integralidade, pessoas que de tanto sofrer acostumaram em ser simples, pobres de dinheiro, desinteressados em coisas que não fossem totalmente necessárias. Pessoas com idoneidade antiga, severas com a verdade e honestidade, mister de América, Europa e África. Costumes e estrutura primitiva quase não mais reproduzida na era dos ultraprocessados e da luz artificial.
      Se vivos, meus avós teriam 100 anos. Nasceram no mesmo ano. Vovó quase chega, mas resolveu partir aos 96 nos explicando que já estava bom. Preservamos suas imagens e histórias de desacontecimentos construindo mitos significativos que nos mantém coesos e orgulhosos de nossas superações, genética e sobrenomes. Sabemos, todos nós, com a mais pura clareza, que somos resultado daqueles pés desengonçados que nunca entraram numa escola ou em salões de nobreza. Pés feios para os olhos, mas perfeitos para a natureza que os adaptou para manter nossa linhagem e nos oferecer as oportunidades de contar essa pequena história do mundo.

 


domingo, 9 de agosto de 2020

UM JEITO DIFERENTE DE AMAR





Por Ana Medeiros

      Falar do meu pai não é tão simples assim. Homem humilde, honesto cheio de preceitos  morais. Não muito dado a afetos e carinhos, isso às vezes, até demonstrava, porém, aos filhos dos outros porque, segundo ele falava, não adulava filhos. Preocupava-se sempre em demonstrar  sua autoridade sobre estes. 
      Não quero aqui criticar meu pai, mesmo porque, do seu jeito torto, amava a mim e meus sete irmãos. 
      Ficou viúvo cedo, logo casou novamente, construiu nova família. Da antiga, só restou a mim e uma irmã para criar, mas essa minha irmã ele  deixou com minha avó, a mãe dele, que a criou.
Os outros filhos, cada um seguiu seu destino. No entanto, eu era a caçula.
     Homem calado, sempre cabisbaixo.
     Não recordo de vê-lo otimista, estava sempre na retaguarda. Mas, de vez em quando, cantava,  contava piadas.
     Gostava de política e de ouvir rádio. Ainda lembro de um aparelho de rádio que possuía, na cor amarela.
      Era analfabeto, por esse motivo, acho, com exceção do primogênito, não incentivava os filhos a estudar, especialmente as filhas.
     Com certeza, dele herdei a timidez.       
     Decepcionava-se facilmente com a vida e as pessoas. Sempre lamentou a perda precoce da minha mãe, achando que não daria conta de criar os filhos sozinho. 
     Materialmente nunca me deixou faltar nada, dentro das suas possibilidades, porque não éramos ricos.
      Gostaria bastante de tê-lo por perto até o final da sua vida, mas por consequências do destino isso não foi possível, sequer meus filhos conheceu, pois faleceu antes que nascessem, o que foi triste para mim, que sonhei vê-lo brincando com eles.
     Quando faleceu, nem ao menos pude vê-lo, pois já havia seguido meu rumo para longe e soube da sua partida vários dias depois.
      Lamentei e chorei, fiquei bastante tempo sem acreditar na sua partida.
     Meu pai pode até não ter sido meu herói, nem o amigo que eu sonhara, mas me amou da maneira que achou correta, talvez da única maneira que sabia e eu o agradeço por isso. 
     Foi presente na minha vida até os meus dezoito anos. Ensinou-me a ser uma pessoa do bem, esteve presente, mesmo sendo afetivamente ausente.
     Eu o amei e sou grata a Deus por ter me permitido a honra de ser sua filha, mesmo com o seu jeito diferente de amar. 

*O pai de Ana Medeiros era Manoel Fernandes, comerciante, tinha mercearia no bairro Boa Vista e uma banca que comercializava pães no Mercado Central de Mossoró. Morava na Francisco Romualdo, onde Ana Medeiros nasceu.


sábado, 8 de agosto de 2020

MATIZES DA AURORA

 



Vanda Maria Jacinto

Escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa

v.m.j@hotmail.com

 

     O isolamento obrigatório me fez, literalmente, perder a noção do tempo. Na terça-feira, assustei-me quando uma pessoa conhecida me desejou uma “ótima quinta-feira!”
     Quatro e meia da manhã ainda está escuro, mas o canto dos galos já anuncia que o dia não tarda. Logo mais a barulheira se instalará, pois eles, os galos, dividem o habitat com outras aves e parecem fazer questão de acordar a todos indistintamente.
     No céu surgem nesgas de luzes afogueadas que são visíveis, principalmente por causa das nuvens que se formam no horizonte e, com isso, as refletem para o nosso planeta. Um verdadeiro espetáculo! A aurora inicia a sua “amostração” multicolorida, despertando a natureza para a devida recepção ao astro maior! Será que ela - a aurora - sabe que a sua razão de ser se deve ao esplendor do astro-rei?
     Automaticamente comparo os momentos, na chegada e na partida dos raios solares, dividindo o nosso mundo em dia e noite. Não nego o fato de gostar mais do entardecer. Nada mais preguiçoso do que ver o sol se pôr e com ele deixar seguir tudo o que não foi possível fazer até ali. Essa sensação me deixa bem! No entanto, nesses últimos tempos tenho mudado a rotina, aliás, não apenas eu, mas o mundo todo.
     Mudanças de hábitos de longas datas vão acontecendo, simultaneamente, sem que se reflita, mas apenas siga as determinações urgentíssimas; sim, porque tudo é muito rápido! A pandemia que assola o mundo chegou sem pedir licença, aboletou-se no nosso sossego e, de repente, o desassossego aflorou no planeta.
     Assustada, eu? Assustadíssima, insegura, preocupada com tudo e com todos.
     O excesso de informações me deixa louca; e, por mais que procure o que fazer dentro de casa, sobra tempo suficiente para ouvir e pensar tolices. Mesmo porque os noticiários não falam em outro assunto que não o Covid-19. E olha que sou uma pessoa altamente produtiva e sensata, mas mediante a consciência de que sou do grupo de risco, isso, por si só, já complica tudo!
Já arrumei gavetas, organizei os álbuns de fotos, limpei armários, deletei, no notebook, arquivos que perderam suas importâncias, inventei receitas culinárias; enfim, ando agitadíssima!
     Enquanto estou aqui rabiscando o pensamento, lembro-me de que anos atrás a preocupação era o ócio no pós-aposentadoria. No entanto tirei de letra, descobri mais tempo para me dedicar à leitura, procurei me envolver mais na produção literária e foi dando certo!
     Mas nada se compara a este momento, ele é sui generis. O problema não é ficar em casa e, sim, não sair dela. Adoro estar em casa, mas, pelo fato de cercearem o meu direito de ir e vir, estou deveras chateada. Ainda bem que o meu lado Pollyana lentamente volta à ativa.        Pensando bem - e já que em casa tudo vai estar em ordem - será interessante perceber novos produtos nas gôndolas dos supermercados; sim, porque quando tudo voltar ao normal restarão aqueles produtos que nunca nem sequer olhei um dia. Pense como será legal redescobrir o prazer de olhar, calmamente, as vitrines das lojas. Ah! Isso realmente não tem preço.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

SALA DE LEITURA COM WILSON BEZERRA DE MOURA

        



                Wilson Bezerra de Moura com novo livro


Por Lúcia Rocha
luciaro@uol.com.br


    Wilson Bezerra de Moura nasceu em Nova Esperança, em Assú, em 31 de maio de 1940. Perdeu a mãe ainda na infância e a família mudou para Mossoró, onde fez de tudo um pouco, inclusive, na fabricação de tijolos. Aqui estudou na Escola Técnica União Caixeiral e graduou-se em História e em Direito, na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Trabalhou na Rede Ferroviária Federal, na Secretaria de Educação do estado e na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Foi diretor do Centro Educacional Jerônimo Rosado, Colégio Estadual.  
       Wilson Bezerra de Moura é professor aposentado da UERN, é líder maçônico, pesquisador, historiador e escritor. É uma das pessoas mais atuantes no campo do estudo dos fatos históricos de Mossoró, mesmo não tendo nascido aqui, mas que aprendeu a amar a cidade que adotou desde cedo como sua, por isso passou a estudá-la, através de pesquisas nos antigos jornais no museu e na biblioteca pública da cidade. De início, Wilson Bezerra de Moura passou a atualizar antigas reportagens e artigos publicando nos jornais, especialmente no O Mossoroense e Gazeta do Oeste, onde manteve por longos anos artigos semanais, fazendo com que tomássemos conhecimento dos acontecimentos e rememorando fatos históricos para nosso conhecimento ou para não cairmos no esquecimento. 
       Os artigos de Wilson Bezerra de Moura citam os mais variados assuntos, pode ser sobre bairros e seus personagens, pessoas comuns, que pode ser até nossos vizinhos, resgatando figuras pitorescas, tipos populares, enfim, pessoas que engrandeceram no nosso passado, ou seja, ele fala da geografia humana da cidade. 
       Muitos desses artigos estão publicados em livros, alguns ainda à disposição do leitor nos sebos da cidade, como no Shopping Oásis ou na Praça do Codó. São livros que devem ser lido por todo cidadão ou cidadã que preza por sua cidade e seus personagens, por professores para em sala de aula levar ao conhecimento dos alunos, assuntos ocorridos na cidade, em tempos longícuos, deve ser lido por alunos ávidos e curiosos pela história recente da cidade, em busca de seus antepassados, pois muitas minibiografias estão incluídas nas obras de Wilson Bezerra de Moura. Seus livros devem ser lidos como fonte de pesquisa, para os estudantes universitários.  
  Livros de Wilson Bezerra de Moura publicados pela Coleção Mossoroense, a partir de 1989, são eles:

  Crônicas Através do Tempo
  Mossoró – Fatos e Gente que Fizeram Sua História
  A Tradicional Escola Normal de Mossoró
  Alternâncias dos Fatos
  Nas Pegadas do Tempo
 Marcas e Cicatrizes Deixadas pelo Tempo
 Umas Tantas Lembranças da Velha Mossoró e sua Gente. 
 José Barbalho e o Movimento Sindical em Décadas Passadas
40 Anos da Loja Macônica João da Escóssia.  
Princípios, Normas e Procedimentos Macônicos
Virtudes, Atributos Maçônicos
 
Caminhos Percorridos no Espaço e no Tempo, o mais novo, lançado agora durante a pandemia.  
 
       Wilson Bezerra de Moura é viúvo de Zélia Rodrigues Rocha, com quem teve quatro filhos: Francisco Wilson Bezerra Rodrigues, Lívia Maria Rodrigues Bezerra, Karina Maria Rodrigues Gadêlha e Kélia Maria Bezerra Rodrigues.    
       Casou-se em segundas núpcias com a poetisa e escritora, Maria de Fátima Castro, com quem tem dois filhos: Ana Karol Castro Bezerra e Victor Bruno Moreira Castro. 
       Quem é Wilson Bezerra de Moura? Um homem simples, discreto, chegou menino em Mossoró, como eu já disse, trabalhou na fabricação de tijolo, porém, estudou, capacitou-se, inclusive, na década de 1960, participou de uma Oficina de Jornalismo no O Mossoroense, ministrada pelo jornalista Lauro da Escóssia Filho, e tornou-se um lutador pela cultura mossoroense. 
       Através de seus artigos, muitos disponíveis nos sites de jornais, é só pesquisar no Google.
      Wilson Bezerra de Moura tem merecido um lugar no círculo intelectual e histórico do nosso estado: membro da Academia Mossoroense de Letras, da Academia Maçônica de Letras e Artes do Rio Grande do Norte, do Instituto Cultural do Oeste Potiguar, sócio-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, sócio-fundador da Fundação de Cultura Vingt-un Rosado, sócio do Núcleo da União Nacional dos Escritores. Foi presidente do Rotary Clube de Mossoró. 
        E agora, fico a perguntar onde estão os gestores na área educacional, pública e particular, que não levam pessoas como seu Wilson Bezerra de Moura para as salas de aula? Para quê? Para palestrar para alunos e professores sobre a Mossoró do passado, sobre suas obras, verdadeiras lições de história, sociologia e geografia de Mossoró, lições que falam do nosso passado, para esses alunos que vão construir o nosso futuro.
Encerro nossa Sala de Leitura de hoje, dizendo que nosso homenageado de hoje, Wilson Bezerra de Moura, é um grande memorialista. 
        O filósofo Erasmo de Rotterdam escreveu: “O tempo corre mais para o passado que para o futuro, é preciso segurar o passado, porque de suas luzes dependemos todos em todos os tempos”.   

Lúcia Rocha apresenta o quadro Sala de Leitura, no programa Vanguarda Cultural, apresentado pelo radialista JB de Andrade e  vai ao ar todo domingo, das 10 às 12h, na FM 98, Rádio Cidadania. 


terça-feira, 4 de agosto de 2020

EXTEMPORÂNEO


Capa


EXTEMPORÂNEO é literalmente o último livro de Francisco Obery Rodrigues, que promete não vir a lançar mais nenhum, algo que duvido porque o autor tem muito material inédito em seu computador. 
Aos 96 anos de idade, Obery Rodrigues acaba de lançar o 14° livro de sua carreira de escritor, somente após sua aposentadoria e com mais de 70 anos de idade, começou a escrever.
Dono de um texto enxuto, que sempre retrata sua  infância, a infância da sua época, vivida nos anos 1920, em Mossoró, onde nasceu.
O livro está disponível a venda em Mossoró e Natal, por R$ 50,00.
 Mais informações: 84 99668.4906.