José Nicodemos
Por José Nicodemos
Tenho ouvido que nunca se escreveu tanto neste país como nos dias de hoje. É verdade. De modo que, até, pode dizer que se encontra um escritor em cada esquina. De nada se faz um livro. Mas é preciso ver que, em compensação, nunca se escreveu tão mal em nosso país, sem o mais mínimo respeito às regras. Como observado por mestre Graciliano Ramos, usa-se uma linguagem de todo sem articulação de sentidos lógicos, e assim é preciso advinhar o que o escritor quis dizer, e não conseguiu. Um verdadeiro tutucar de zabumba. Em outras palavras, a algaravia das ruas, que, em país culto nenhum, poderá servir de padrão de linguagem literária. Salvam-se poucos, é verdade, mas são, infelizmente, os menos imitados, no bom sentido da palavra. Em suma, não pode haver cultura sem linguagem elaborada, e por razões muito óbvias.
Fonte: Jornal de Fato, em 3 de abril de 2020.
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