quinta-feira, 23 de abril de 2020

BIBLIOTECAS PARTICULARES

      

      O Mossoroense, edição de 12 de fevereiro de 2012, publicou reportagem de Maricélio Almeida, sobre as bibliotecas particulares da cidade, no caderno UNIVERSO.

       O que levaria alguém a dedicar boa parte de sua vida e de seu orçamento financeiro à aquisição de centenas e até milhares de livros? O amor nutrido pela literatura e pelo conhecimento são alguns dos fatores destacados por intelectuais e pesquisadores que, ao longo de décadas, conseguiram montar um acervo contendo uma quantidade significativa de obras. Em Mossoró, não é raro encontrar pessoas que possuam bibliotecas particulares. Exemplos não faltam na cidade. Entre os acervos de destaque, está o do escritor Clauder Arcanjo, que hoje detém um número expressivo de obras em sua residência, com aproximadamente 12 mil títulos, e também o arquivo pessoal do historiador Raimundo Soares de Brito, composto por cerca de três mil livros. Há ainda acervos de menor porte, mas não menos importantes, como o do historiador Geraldo Maia (dois mil livros) e do professor Wilson Bezerra de Moura (1,5 mil). Na cidade há também coleções particulares de dois grandes nomes da cultura mossoroense: Vingt-un Rosado e Dorian Jorge Freire. A primeira possui um total aproximado de sete mil obras, que estão atualmente sob a responsabilidade da Fundação Vingt-un Rosado, e a segunda, uma média de oito mil obras. Para conhecer melhor esses acervos, a equipe do caderno Universo entrou em contato com cada uma das pessoas acima citadas. Em conversa com a reportagem, o escritor Clauder Arcanjo revelou que sua biblioteca começou a ser montada em 1975, quando estava no ginásio. A primeira obra que adquiri foi A morte de Quincas Berro d Água, de Jorge Amado. Considero esse o melhor livro dele até hoje, conta. Clauder Arcanjo diz que a maior parte de sua coleção é formada por o- bras relacionadas à área literária, mas que há também exemplares cujos temas variam de administração a pedagogia. Cerca de 80% da biblioteca é literatura, com livros de romance, crônicas, poesias, detalha. O escritor possui entre os seus exemplares alguns considerados raros, verdadeiras preciosidades do mundo literário, como a primeira edição da publicação Libertinagem, de Manuel Bandeira, lançada em Tenho essa edição autografada pelo próprio autor, orgulha-se Clauder Arcanjo. Ele conta que em sua coleção há também as primeiras edições de obras escritas por Miguel Torga, Rubens Braga, Clarice Lispector e Mário Quintana. Eu sempre destino mensalmente 10% do meu orçamento líquido para a compra de títulos, por eu ser um apaixonado pelos livros, comenta. Clauder Arcanjo lembra de que algumas aquisições foram marcadas por fatos interessantes. Certa vez, me ofereceram um exemplar raro de Miguel Torga, que eu já estava à procura, por R$ 200, mas não aceitei, achei caro. Meses depois, encontrei uma edição do mesmo livro, e a comprei, por R$ 500. O detalhe é que o livro era simplesmente o mesmo que havia rejeitado. Com isso, eu aprendi que quando nos depararmos com uma joia literária devemos adquiri-la imediatamente, frisa. A biblioteca de Geraldo Maia dispõe de uma quantidade significativa de obras relacionadas ao universo da história. Há cerca de 20 anos que trabalho com esse tema, e desde que vim morar em Mossoró, há 13 anos, que adquiro obras que contam a história da cidade e da região. Hoje, cerca de 90% do meu acervo é composto por livros desse tipo, relata, complementando que em seu arquivo existem obras raras. Tenho um livro que retrata a história provinciana do Rio Grande do Norte, bem raro, que não é encontrado em qualquer biblioteca. O professor emérito da Universidade do Estado do RN (Uern), Wilson Bezerra de Moura, diz que seus exemplares possuem uma ligação maior com a história universal. O docente conta que iniciou sua coleção na época em que começou a estudar. Nesse período, comecei a organizar minha coleção, pois via que todo livro era necessário. Todas as obras que possuo merecem um carinho especial, mas posso destacar a coleção que tenho sob economia, que foi muito útil ao longo dos anos em que lecionei a disciplina, enfatiza. A coleção particular de Vingt-un Rosado, uma das maiores de Mossoró, pode ser consultada pela população de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, na sede da Fundação que leva o mesmo nome, localizada no bairro Costa e Silva, nas proximidades do Campus Central da Uern. Composta por livros adquiridos por Vingt-un ao longo de sua vida, a biblioteca ganhou recentemente um reforço em seu acervo, com a doação das obras que antes pertenciam a Fundação Ozelita Cascudo Rodrigues, extinta há alguns meses. Com essa doação, a coleção de Vingt-un, que é uma das mais importantes da cidade, utilizada por diversos pesquisadores, historiadores, deve chegar a dez mil exemplares, frisa o diretor da Fundação, Caio César Muniz. Continua na página 3. Acervo do escritor Clauder Arcanjo possui atualmente mais de 12 mil títulos.

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