sábado, 11 de julho de 2020

JARARACA: PRISÃO E MORTE DE UM CANGACEIRO



Capa do livro


Por Geraldo Maia, autor.


O livro Jararaca – Prisão e Morte de um Cangaceiro trata-se de um relato dos últimos momentos desse cangaceiro aqui em Mossoró, baseado em depoimentos, reportagens e outros documentos existentes.
A maioria dos textos sobre Jararaca, principalmente teses universitárias, tentam explicar o fenômeno da transformação de um cangaceiro sanguinário em um 'fazedor de milagres', de acordo com a crença popular. Mas o que me chamou mais a atenção nessa história foi de como um prisioneiro de justiça, que foi capturado ferido e já sem forças, é conduzido para a cadeia pública de Mossoró, e durante uma semana é mantido até com certa dignidade, respondendo a interrogatórios, dando entrevistas, sendo visitado pela polução, é tirado da cadeia, em plena madrugada, para ser assassinado sem ter tido um julgamento e sem que se saiba quem deu essa ordem. Podemos dizer que foi queima de arquivo? É isso que tentamos explicar nesse texto.
Podemos dizer que tem coisas interessantes, como o documento do laudo cadavérico de Jararaca, que é o atestado de óbito, assinado por um médico e várias outras autoridades, documento esse que foi passado dois dias antes da data que se conhece da morte do cangaceiro e com uma causa mortis bem diferente dos relatos que se conhece sobre a morte do cangaceiro.
Esse é o segundo livro que escrevo sobre o tema cangaço, além de vários artigos para jornais e revistas. O primeiro livro sobre cangaço lancei em 2015, na Feira do Livro de Mossoró, e se chama Amantes Guerreiras – A Presença da Mulher no Cangaço. Trata da desmistificação do papel da mulher no cangaço. Os filmes e principalmente a literatura de cordel sempre mostram cangaceiras participando de assaltos, matando gente, roubando e até dando ordens aos congaceiros.  E de acordo com várias cangaceiras que tivemos a chance de entrevistar, esse não era o papel da mulher no cangaço. Sempre que os homens saiam para os ataques, elas permaneciam nos 'coitos'  - esconderijos - até que os mesmos voltassem. Usavam normalmente pequenas armas, muito mais por decoração do que para proteção. Não lavavam nem cozinhavam nos acampamentos, porque essas eram tarefas de homens. Defendemos, no livro, que o papel da mulher no cangaço era realmente ser amante. Daí o nome Amantes Guerreiras. A prova maior é que quando um dos companheiros ou amantes morria, imediatamente elas tinham que escolher outro companheiro entre os solteiros do bando, porque mulher não podia permanecer desacompanhada. 
O livro Jararaca – Prisão e Morte de um Cangaceiro – reúne vários depoimentos de pessoas que presenciaram o acontecimento, tanto policiais como civis, reportagens de jornais da época, inclusive com o depoimento que o cangaceiro deu as autoridades, como também sobre a reportagem feita pelo jornalista Lauro da Escóssia, onde o cangaceiro fala da sua vida e das suas andanças, do tempo que passou no Exército Brasileiro participando de revoluções até voltar ao Sertão de Pernambuco para se tornar cangaceiro. E mostra também algumas contradições entre as respostas dadas pelo cangaceiro e o relato de familiares sobre alguns episódios de sua vida de crimes.

Contatos com o autor: 84 98829.5475
e-mail: gemaia1@gmail.com

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