domingo, 13 de setembro de 2020

UM GOLPE DO DESTINO

 



Por Yáscara Samara
yascarasamara@hotmail.com


Eu vou contar uma história 

De um assunto misterioso 

Em um sete de Setembro 

Que dia mais assombroso

Uma criança adoece

E vive momento doloroso.


Vou falar em poesia

Que a poetisa explora

No passado tem vestígio 

Ao lembrar a gente chora

Fato de quem escreve

A sua própria mau hora.


De onde o vento lhe inspira

Me levando a escrever 

O que houve no passado

Ninguém podia prever

Nem uma mente poética 

Poderia descrever;


Nesse sete de Setembro

Trinta e cinco anos faz

Que uma doença esquisita

Levou minha vida pra trás 

Sem explicação nenhuma

Tudo mudou num zastrás;


Eu só tinha sete anos

As irmãs saiam para o desfile ver

Queria também muito ir 

Não tinha pra onde correr

Insisti tanto pra ir com elas

Inocente no que ia ocorrer ;


Segui-se a caminhada

Não tinha um carro se qué

Para nos levar até o centro

Continuamos caminho a pé 

Mas logo no percorrido

Sofri com muita dor no pé ;


As irmãs achando estranho

Eu nunca sentia nada 

Vivia andar nos muros

E na corrida ninguém pegava

Pulava fazia artes

Só me chamavam de danada;


Fui e vim desse desfile

A dor não parava não 

Cheguei em casa mancando

Desde desse dia foi  aflição 

Minha mãe muito preocupou-se

O que fazer nessa situação !?


Foi o maior golpe do mundo

Que tive na minha vida

Foi com sete anos

Pois perdi minha infância querida

Atacada por uma doença 

Triste, forte e dolorida;


Artrite Reumátoide

Ninguém tinha ouvido falar

Depois de muito sofrer

Uma médica Véio diagnosticar

Leve ela a fortaleza

Se não só vai piorar;


Mas meu pai sem poder 

Só levou para o médico da região 

Ninguém sabia o que era

Só dava Bezotacil injeção

Doia mais que o mundo

Corpo, alma e coração;


Essa doença é agressiva

Começou a me deformar

Mãos, braços, pernas e quadril

Quase fico sem andar

Muitos anos sem remédio certo

Começou a piorar;


Não podia mais no campo correr

Pois era igual um calibur

A vida ficou muito cinza

Não existia mais o azul

A vida era só  médicos 

Por tempo a vida perdeu o norte e o sul;


Nas instâncias do tempo

A adolescência floresceu

Me tornei deficiênte 

Tudo era nítido ao olho seu

Corpo pequeno sem padrão 

A doença não favoreceu;


Outro maior golpe do mundo

Que tive na minha vida

Foi que com quinze anos 

Perdi a juventude querida

Rapazes não me olhavam

Abriu-se uma grande ferida;


O tempo é implacável 

Aprendi com a dor viver

Continuei os estudos

A vida tem que  prevalecer

Terminei o fundamental

Eu só tinha a vencer!


A vida continuou

Vivia entre o prazer e a dor 

Terminei o segundo grau

Tinha amigos e amor

Porém mas uma vez a doença 

Ela mostrou terror ;


Precisei ir a Fortaleza 

Minha irmã me levou

Com ajuda do seu marido

Um médico novo mostrou

Era preciso operar o quadril

Melhorar o que prostou;


Todo o corpo era rígido 

Os rapazes me chamava de robô

Tive que operar logo

Para melhorar a dor

Ter qualidade de vida

Tudo era inovador;


tinha feito só  dezoito anos

Na vida adulta adentrei

Mas era igual a uma criança 

Mas nunca pro povo demostrei

Tentava ser feliz

A vida sempre valorizei;


Consegui fazer o procedimento

Seis horas na sala de operação 

Era muito para um corpo pequeno

Quase não tornava pro mundo não 

Mais meu Deus é grande

Ainda tinha muita lição;


A recuperação foi difícil 

Mas deu tudo certo

Voltei pra casa depois de dias

Meu destino era incerto

O quarto cheio de amigos

Dia pleno em céu aberto; 


O maior golpe do mundo

Não podia me deixar golpear

Me recuperei desta

Sabia que outras ia passar

Conheci meninas igual a mim

A vida começou pra frente andar;


Finalmente chegou em Mossoró 

Um especialista na dor reumática

Já estava deficiente  

Nunca fui de ser drástica  

A vida ensinou ser forte

Sem precisão de fazer plástica;


Depois disso a doença estacionou

conheci um rapaz cheio de amor 

Que me mostrou o que era ele 

Não precisava de clamor;


Nos enlaces que o destino quer

Apesar dos prognóstico do doutor 

Quando falou duro e seco

Não poderás Gerar um fruto de amor;


 Vivi então intensamente 

Procurei disso não lembrar

Não levar isso pra minha vida 

Só queria estudar e amar  

Entre prazeres e dores

Consegui me edificar ;


Aos vinte e sete anos de vida

A poesia em mim aconteceu

Uma natureza de fêmea mãe 

Uma sementinha em mim cresceu

Pegou todos de surpresa

Foi Deus que  favoreceu;


Nasceu Pedro em fevereiro

Foi muito saudável a gestação 

Não sentia dor  nenhuma

Foram nove meses de libestação

Dos hormônios liberados

Causava essa moderação;

 

Esse foi o milagre da vida

Contrariou o que mundo dizia

Não pode isso , não pode aquilo !

Credo ! Cruz ! José e Maria

Ninguém decretou nada

O destino que me alumia;


A vida seguiu demais contente

Criei meu filho, virei filósofa

Dançarina cordelista

Minha luta não é  galhofa

Me tornei escritora

Faço retrato sem mofa;


Eu ainda não quero parar nunca 

Estou tentando tudo melhorar 

Estudando a psicanálise 

Para aos outros ajudar

E um auto conhecimento 

É bom pra cabeça estudar ;


Esse cordel é um pouco de mim

Relembrei a minha história

Ainda luto pela vida

A dores não sai da memória 

Cada dia me supero

A cada nascer da aurora;


Ainda convivo com as dores

Que de sentir as vezes se chora

As artes faz elas suspender

Por um breve  passar de hora

Nesse tempo eu produzo

Não quero deixar penhora;


Ilustro maravilhas belas

O que desejar eu faço 

Minha mão mesmo assim

Desenhar tudo ao sem embaraço

Viver entre o prazer e a dor 

É o meu melhor traço.



2 comentários: