Jerônimo Vingt-un Rosado Maia era o filho
caçula do farmacêutico, Jerônimo Rosado e Isaura
Rosado Maia. Nasceu em 25 de
setembro de 1920, portanto, estamos comemorando o centenário de seu nascimento.
Vingt-un ficou órfão do pai ainda criança, aos dez anos de idade e foi
criado pela mãe e irmãos, que já atuavam nas empresas do pai, uma farmácia e uma empresa de extração de gesso.
Vingt-un Rosado estudou no
Colégio Diocesano Santa Luzia e desde
cedo, mostrava ser um garoto inteligente, que gostava de leitura, inclusive, aos
catorze anos conheceu alguém que o influenciaria para sempre, o historiador, Luís
da Câmara Cascudo, que veio palestrar para os estudantes do Diocesano e
encantou em especial, nosso Vingt-un, que naquela palestra foi picado pelo
mosquito da cultura.
Quando tinha dezessete anos
de idade, em 1937, Vingt-un recebeu correspondência de Câmara Cascudo, com uma
missão, a de escrever o primeiro livro sobre a história de Mossoró. Disse
Cascudo na carta: “Lembre-se que Mossoró ainda não tem história e que você está
na obrigação moral de ser o primeiro mossoroense que levantará do olvido as
tradições de sua grande terra”, ou seja, que levantará do esquecimento.
E
assim, Vingt-un passou a pesquisar edições antigas dos jornais de Mossoró e
lançou em 1940, aos vinte anos de idade, o livro com o título Mossoró,
custeado por sua mãe.
Veja a responsabilidade que Câmara Cascudo colocou na mente de um
garoto, adolescente, com dezessete anos de idade, ser o primeiro historiador da
sua cidade. Era apenas um jovem. E o que um garoto faz com dezessete anos de
idade? Pois foi assim que nasceu o primeiro livro sobre Mossoró.
E o mais interessante de
tudo, tempos depois, já adulto, com uma carreira consolidada, Vingt-un cria a
coleção mossoroense e sai à caça de novos escritores, ele mesmo desempenhando o
papel de editor, sugerindo temas de livros para pessoas que acreditava que podiam
escrever livros e até viver da profissão de escritor. Vingt-un foi um grande
motivador de uma geração de talentos e lançou essas pessoas no mercado de
livros.
Interessante é que Vingt-un
era ávido para lançar livros, mas nunca reeditou seu livro Mossoró. Deu
oportunidade a Deus e o mundo, lançou escritores não somente de Mossoró, mas de
estados vizinhos como Ceará e Paraíba. Mas, somente após sua passagem desta
para outra vida, a Coleção Mossoroense publicou uma segunda edição do livro
Mossoró, lançado por Vingt-un Rosado, aos vinte anos de idade, em 1940.
Ainda na adolescência,
Vingt-un afastou-se de Mossoró, tendo passado uma temporada de estudos preparatórios
para o vestibular em Recife, capital pernambucana, não tendo conseguido
aprovação em três vestibulares, de onde partiu para o vestibular de engenharia
agrônoma, na Escola Superior de Lavras, em Minas Gerais, onde foi aprovado.
Em Minas Gerais, Vingt-un conhece aquela que viria a ser esposa, companheira,
parceira e mãe dos seus cinco filhos: Maria Lúcia, Dix-sept Sobrinho, Lúcia
Helena, a Telena; Isaura Ester e Leila. Dois deles são médicos e conhecidos na
cidade, como doutor Dix-sept e doutora Leila.
Mesmo vindo de uma família política e que até hoje ocupa cargos relevantes na
cidade e no estado, sua maior contribuição para a cultura e literatura
potiguar, foi a criação da Coleção Mossoroense, que já publicou mais de
quatro mil títulos, escritos por autores de Mossoró e região. A Coleção
Mossoroense está ligada à Fundação Vingt-un Rosado.
Vingt-un foi um intelectual a
serviço de Mossoró que entrou para a história do Rio Grande do Norte e jamais
será esquecido por seus feitos também na área acadêmica, pois a antiga ESAM –
Escola Superior de Agronomia de Mossoró - hoje UFERSA, Universidade Federal
Rural do Semi Árido – nasceu de um seu ideal, desde quando era estudante na
ESAL, em Lavras. Com os irmãos mais velhos já ocupando cargos relevantes na vida
pública, especialmente Dix-huit e Vingt, nosso Vingt-un pôde assistir a
construção da ESAM, em 1967.
Vingt-un não somente
idealizou a ESAM, como acompanhou toda sua construção e ajudou a carregar
material em carro de mão, tão grande era sua vontade de ver ser erguido a
estrutura física daquela faculdade que, há cinco décadas tem servido de banco acadêmico
para uma geração de estudantes órfãos de ensino superior de qualidade numa
região castigada pela estiagem.
Vingt-un exerceu a função de
professor e diretor da ESAM, à época em que oferecia apenas dois cursos,
agronomia e topografia, atraindo para a cidade, jovens de estados vizinhos.
Depois de aposentado das
funções de servidor público, Vingt-un passou a se dedicar exclusivamente à
Coleção Mossoroense. Tinha sede de livros, passou a ser intitulado um soldado
na batalha da cultura mossoroense. Mas isso, já fazia há muito tempo, a partir
da eleição do irmão, Dix-sept Rosado, em 1947, para a prefeitura de Mossoró,
estimulando o crescimento cultural com a criação de espaços mantenedores da
cultura, como biblioteca e o museu, o que aconteceu logo que o irmão prefeito
tomou posse em 1948.
Desde jovem, Vingt-un era
preocupado com a cultura da cidade, parecia que estava planejando desde já, a
função de guardião da cultura mossoroenses, pois se esforçou e colaborou com a
preservação histórica e literária da cidade, hoje, a gente observa esses dois
equipamentos, o Museu Histórico Lauro da Escóssia e a Biblioteca Municipal Ney
Pontes Duarte e, podemos dizer que são frutos do ideal de um jovem sonhador aos
vinte e sete anos de idade.
Agora, pergunto ao ouvinte: qual
a sua idade? O que você fez ou está fazendo para deixar como legado na sua cidade?
Se não fez nada, ainda está
em tempo. Colabore com os autores locais, adquira livros que contam a história
da cidade e de seus personagens. Dessa forma, já estará colaborando para a
preservação da nossa memória.
Vingt-un Rosado rebatizou a cidade com o título O País de Mossoró.
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