Por Yáscara Samara
yascarasamara@hotmail.com
Eu vou contar uma história
De um assunto misterioso
Em um sete de Setembro
Que dia mais assombroso
Uma criança adoece
E vive momento doloroso.
Vou falar em poesia
Que a poetisa explora
No passado tem vestígio
Ao lembrar a gente chora
Fato de quem escreve
A sua própria mau hora.
De onde o vento lhe inspira
Me levando a escrever
O que houve no passado
Ninguém podia prever
Nem uma mente poética
Poderia descrever;
Nesse sete de Setembro
Trinta e cinco anos faz
Que uma doença esquisita
Levou minha vida pra trás
Sem explicação nenhuma
Tudo mudou num zastrás;
Eu só tinha sete anos
As irmãs saiam para o desfile ver
Queria também muito ir
Não tinha pra onde correr
Insisti tanto pra ir com elas
Inocente no que ia ocorrer ;
Segui-se a caminhada
Não tinha um carro se qué
Para nos levar até o centro
Continuamos caminho a pé
Mas logo no percorrido
Sofri com muita dor no pé ;
As irmãs achando estranho
Eu nunca sentia nada
Vivia andar nos muros
E na corrida ninguém pegava
Pulava fazia artes
Só me chamavam de danada;
Fui e vim desse desfile
A dor não parava não
Cheguei em casa mancando
Desde desse dia foi aflição
Minha mãe muito preocupou-se
O que fazer nessa situação !?
Foi o maior golpe do mundo
Que tive na minha vida
Foi com sete anos
Pois perdi minha infância querida
Atacada por uma doença
Triste, forte e dolorida;
Artrite Reumátoide
Ninguém tinha ouvido falar
Depois de muito sofrer
Uma médica Véio diagnosticar
Leve ela a fortaleza
Se não só vai piorar;
Mas meu pai sem poder
Só levou para o médico da região
Ninguém sabia o que era
Só dava Bezotacil injeção
Doia mais que o mundo
Corpo, alma e coração;
Essa doença é agressiva
Começou a me deformar
Mãos, braços, pernas e quadril
Quase fico sem andar
Muitos anos sem remédio certo
Começou a piorar;
Não podia mais no campo correr
Pois era igual um calibur
A vida ficou muito cinza
Não existia mais o azul
A vida era só médicos
Por tempo a vida perdeu o norte e o sul;
Nas instâncias do tempo
A adolescência floresceu
Me tornei deficiênte
Tudo era nítido ao olho seu
Corpo pequeno sem padrão
A doença não favoreceu;
Outro maior golpe do mundo
Que tive na minha vida
Foi que com quinze anos
Perdi a juventude querida
Rapazes não me olhavam
Abriu-se uma grande ferida;
O tempo é implacável
Aprendi com a dor viver
Continuei os estudos
A vida tem que prevalecer
Terminei o fundamental
Eu só tinha a vencer!
A vida continuou
Vivia entre o prazer e a dor
Terminei o segundo grau
Tinha amigos e amor
Porém mas uma vez a doença
Ela mostrou terror ;
Precisei ir a Fortaleza
Minha irmã me levou
Com ajuda do seu marido
Um médico novo mostrou
Era preciso operar o quadril
Melhorar o que prostou;
Todo o corpo era rígido
Os rapazes me chamava de robô
Tive que operar logo
Para melhorar a dor
Ter qualidade de vida
Tudo era inovador;
tinha feito só dezoito anos
Na vida adulta adentrei
Mas era igual a uma criança
Mas nunca pro povo demostrei
Tentava ser feliz
A vida sempre valorizei;
Consegui fazer o procedimento
Seis horas na sala de operação
Era muito para um corpo pequeno
Quase não tornava pro mundo não
Mais meu Deus é grande
Ainda tinha muita lição;
A recuperação foi difícil
Mas deu tudo certo
Voltei pra casa depois de dias
Meu destino era incerto
O quarto cheio de amigos
Dia pleno em céu aberto;
O maior golpe do mundo
Não podia me deixar golpear
Me recuperei desta
Sabia que outras ia passar
Conheci meninas igual a mim
A vida começou pra frente andar;
Finalmente chegou em Mossoró
Um especialista na dor reumática
Já estava deficiente
Nunca fui de ser drástica
A vida ensinou ser forte
Sem precisão de fazer plástica;
Depois disso a doença estacionou
conheci um rapaz cheio de amor
Que me mostrou o que era ele
Não precisava de clamor;
Nos enlaces que o destino quer
Apesar dos prognóstico do doutor
Quando falou duro e seco
Não poderás Gerar um fruto de amor;
Vivi então intensamente
Procurei disso não lembrar
Não levar isso pra minha vida
Só queria estudar e amar
Entre prazeres e dores
Consegui me edificar ;
Aos vinte e sete anos de vida
A poesia em mim aconteceu
Uma natureza de fêmea mãe
Uma sementinha em mim cresceu
Pegou todos de surpresa
Foi Deus que favoreceu;
Nasceu Pedro em fevereiro
Foi muito saudável a gestação
Não sentia dor nenhuma
Foram nove meses de libestação
Dos hormônios liberados
Causava essa moderação;
Esse foi o milagre da vida
Contrariou o que mundo dizia
Não pode isso , não pode aquilo !
Credo ! Cruz ! José e Maria
Ninguém decretou nada
O destino que me alumia;
A vida seguiu demais contente
Criei meu filho, virei filósofa
Dançarina cordelista
Minha luta não é galhofa
Me tornei escritora
Faço retrato sem mofa;
Eu ainda não quero parar nunca
Estou tentando tudo melhorar
Estudando a psicanálise
Para aos outros ajudar
E um auto conhecimento
É bom pra cabeça estudar ;
Esse cordel é um pouco de mim
Relembrei a minha história
Ainda luto pela vida
A dores não sai da memória
Cada dia me supero
A cada nascer da aurora;
Ainda convivo com as dores
Que de sentir as vezes se chora
As artes faz elas suspender
Por um breve passar de hora
Nesse tempo eu produzo
Não quero deixar penhora;
Ilustro maravilhas belas
O que desejar eu faço
Minha mão mesmo assim
Desenhar tudo ao sem embaraço
Viver entre o prazer e a dor
É o meu melhor traço.