quinta-feira, 2 de setembro de 2021

A ESSE TREM DA VIDA

 



Por Genildo Costa

Dada as circunstâncias desses dias de incertezas e mar revolto prossigo na lida. As minhas pretensões, mesmo assim, são mínimas. Hoje, penso que sou mais de aguardar a disponibilidade de todas as marés, sem muita pressa. De algumas poucas experiências que tive creio que me é suficiente os parcos recursos de que disponho para tocar o trem da vida.
Reconheço que a pressa me persegue e tem sido ingrata. Bem que poderia usar o expediente da cordialidade. Tenho esperado que me conceda o tempo necessário para que eu possa contemplar as últimas violetas que ainda restam pelo jardim de meus fatídicos e escassos dias. Algumas dessas violetas azuis já não mais existem. Perderam o tom de suas cores.Saíram de cena, mesmo assim, tenho que suportar o falso brilhante de meus girassóis de estrada.
Tenho medo, sim, de perder de vista a adolescência de minha alma. Pois, o que ainda me resta é só esse lirismo que traduz, veementemente, todas as minhas fugas empreendidas por esses labirintos de dúvidas, fracassos e decepções.
Se não deu tempo para alçar vôo mais alto foi porque as advertências não foram tão convincentes para uma outra tomada de rumo. Confesso: fui insensato, talvez. Acredito ter sido, até então, prudente, comedido. Breve para com as minhas devoções. Ingrato, às vezes, quando tivemos que acenar às pressas para quem tanto sonhou com a nossa sincera e eterna aliança. Bem sei que não é tão fácil refazer todos os planos que foram projetados quando havia tempo de se programar para o reencontro mesmo com o advento de outras plataformas. Não poderia ser, então, diferente. Traços fortíssimos que revela o quanto parecemos, na práxis, ser mel do mesmo tacho com suas raras exceções. Tão cedo alguém teve que nos deixar saudades para que pudéssemos entender um pouco da transitoriedade desse trem da vida. De tudo que passa, inexoravelmente. Dessas andanças de nômade em busca de um lenitivo prossigo na carruagem desses dias de pressa para reencontrar a mais bela de todas as violetas azuis se é que ainda existem. Acabo, denunciando a mim mesmo para ter que continuar sendo a mesma criatura sem esquecer dessa tenebrosa lira que me persegue e me dá altivez e coragem de resistir a poeira corrosiva de todas as estações. Esqueci de tentar esquecer, realmente, de tudo que fizemos. Não foi possível, mesmo que depois de tantas tentativas. Perdi algumas oportunidades que a mim foram endereçadas. Algumas cartas, ainda continuam endereçadas a sete chaves, adormecidas. Deixo - as, não muito distante, não muito próximas para não ter que comprometer tudo que foi vivido, intensamente. Bem sei que não guardo segredos. Pois, não interessa se ainda hoje ou amanhã vou encontrar em qualquer canto da cidade a chave de mim.
Grossos, 29 de agosto de 2021.

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