terça-feira, 20 de julho de 2021

LANÇAMENTO DO MENINO DO PORÉ

         


 Lúcia Rocha, em foto de Célio Duarte


       Discurso da organizadora do livro Memórias de Milton Marques de Medeiros - O Menino do Poré, em decorrência do lançamento remoto, em 9 de julho de 2021, com transmissão ao vivo no Canal do Assinante da TCM e no Canal Lúcia Rocha Oficial no Youtube:

      "Cumprimento o presidente da ACJUS, Wellington Barreto, demais presentes e membros que participam de forma remota.
     Desde já, quero agradecer a Deus, pela oportunidade que me deu para, juntamente com vocês, promovermos o lançamento desta autobiografia em memória do aniversariante do dia, Milton Marques de Medeiros, alguém que pertenceu a uma geração de homens de vergonha. 
      Quero agradecer a Zilene e filhas, especialmente, Stella e Talliana, que aqui estão representando as irmãs, cunhados e os sete sobrinhos. Elas me deixaram muito à vontade para organizar essa obra. Nada foi censurado, nada foi questionado, não se mexeu em uma vírgula.
       Para mim, é motivo de satisfação, pois nem nos meus melhores sonhos, isso estaria acontecendo e, para honra e Glória do Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele permitiu que a trajetória de vida de Milton Marques de Medeiros não passasse em branco.
       Zilene e as filhas sabiam dos feitos do Menino do Poré, mas não com tantos detalhes.
       Os genros e netos terão a oportunidade de conhecer, dito pelo próprio sogro e avô: de onde veio, como veio, como viveu sua infância, as brincadeiras que brincou, seu rendimento escolar e a relação com colegas e professores ao longo da vida. A chegada a Mossoró na puberdade para dar continuidade aos estudos e a migração para João Pessoa, em busca da realização pessoal através da educação. 
       Portanto, quero dizer que a biografia tem o dom de surpreender as famílias e amigos do biografado com acontecimentos e fatos que à época em que aconteceram, ninguém se deu conta, porém, somente a biografia permite os detalhes, o processo. 
        Na ultima terça-feira, participei do programa de Lilian Martins, aqui na FM 95, quando ela fez uma pergunta inteligente: Lilian queria saber se fui surpreendida com algo que teria acontecido a ele e não sabia. Na hora, não soube responder, pois Milton Marques de Medeiros teve uma vida rica demais em conteúdo. Pois bem, depois, pensando, cheguei a conclusão que a mais surpresa foi saber a quantidade de casas que ele morou, da primeira infância até casar com Zilene.
        Foram seis lares que ele dividiu quarto, vivendo de favor, rumo ao sucesso profissional, para mim, foi algo surpreendente e mais ainda que ele nunca, jamais tocou no assunto, nunca reclamou, jamais levou o assunto para as filhas, jamais disse que as filhas tiveram melhor sorte do que ele.
         Isso lembrou o dia em que conheci Nelson Mandela, no Rio de Janeiro, há exatos trinta anos. Eu nem sabia que ele estava no Brasil e estávamos hospedados no mesmo hotel, por acaso, encontramo-nos no elevador e, procurei em seu semblante, marcas de quem viveu mais de vinte anos num presídio. Não encontrei, era um homem bem humorado, manso, tranquilo, carismático, sorriso nos lábios. Eu não acreditava no que estava vendo.
         Se hoje doutor Milton estivesse aqui, agora sabedora do quanto migrou de casa em casa até ter a sua própria, com seu quarto, sua cama, armário para colocar sua roupa, sua rede, com certeza, procuraria olhar bem para ele como fiz com Mandela e procurar resquício de uma infância difícil, sem pai e sem vida confortável, eu encontraria o mesmo semblante de sempre, porque ele nunca externou as dificuldades, os embates, ou mesmo os aperreios da vida, em nossa linguagem popular. 
        Pelo contrário, ele registra o carinho que recebeu das mães que teve ao longo da vida. E por que estou dizendo isso? Porque depois de tanto mudar de casa, incluindo a Casa do Estudante de João Pessoa, ele nunca passou uma imagem de coitadinho, nunca sofreu de coitadismo. Nunca reclamou sua situação de garoto com vida simples, que carregava latas de água para abastecer a casa da mãe, numa Upanema sem água encanada.
   
        Milton Marques de Medeiros sempre demonstrou ser um homem feliz e dizia que sua maior satisfação era ser professor universitário, era assim que se identificava quando encontrava alguém no aeroporto ou numa aeronave, quando perguntavam sua atividade profissional.  Ele disse isso aqui, em 2004, para um grupo de estudantes, era o início da TCM e não havia nem estúdio, contou que havia dado entrada na aposentadoria na UERN e receberia mil reais por mês, no ano seguinte, foi eleito reitor da mesma universidade.
         Portanto, curtam as aventuras do Menino do Poré, gente boa, do meu bem querer, um homem de muitas atividades, que soube honrar sua história. Que soube criar as filhas pelo exemplo, sem precisar necessariamente dizer as escolhas que elas precisavam fazer.
         Fico feliz por entregar essa autobiografia para que Bianca, Maria Luíza, João, Iven, Eduardo, Luigi e Miltinho venham a ler sua ascendência, por letras escritas pelo avô.
         Essa história não poderia passar em branco ou ficar resumida a jornais velhos no Museu Histórico Lauro da Escóssia.
         Boa noite, minha mãe; boa noite, Milton Marques; boa noite, Nilo Santos; boa noite, Lacerda; boa noite, João Carlos; boa noite, Francileno Góis, onde quer que vocês estejam.

 
 

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