sexta-feira, 6 de agosto de 2021

ESSA OU AQUELA? A PRIMEIRA OU A ÚLTIMA?




Vanda Maria Jacinto

Escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa

E-mail: v.m.j@hotmail.com

       Uma vez por ano, quando da visita ao oftalmologista - para consulta de rotina - passo por aperreios bem peculiares à situação. 
        Na sala de espera já começo a me angustiar. Nunca sei se vou acertar os questionamentos que ele – o oftalmologista – me faz durante a consulta...

Não sei, mas não te incomoda quando o profissional fica mudando aquelas lentes, e te perguntando: essa ou aquela? A primeira ou essa? Essa última ou a segunda? Fico toda perdida. São tão parecidas que nunca consigo distingui-las!

Diante de tanta modernidade, fico me questionando se ainda não inventaram algo mais eficaz...  Sinceramente, considero essa metodologia ultrapassada e deficiente. Não é possível que ainda não tenham inventado algo melhor e mais prático.

Sem ter como adiar esse momento anual, o jeito é enfrentá-lo...

Por não ter escolhido adequadamente o meu último corretivo, para a minha visão deficiente, cá estou eu sofrendo a mesma fobia. Movida pela estética, adquiri uma armação com hastes brancas. Em pouco tempo, estavam tingidas de vinho, conforme a cor das minhas madeixas. Assim sendo, bem antes da famigerada consulta, tive que me submeter ao incômodo de outra, pois incoerente seria trocar somente a armação.

Após a decisão tomada, encaminhei-me para o consultório. Enquanto aguardava a vez, fiquei imaginando como agiria durante a consulta. Seria sincera dessa vez, diria que não me sinto bem com aquelas mudanças de lente e aproveitaria para solicitar outro jeito. Com certeza, ela iria me atender...

De repente, a atendente falou num tom que só as atendentes de consultórios oftalmológicos conseguem:

Dona Vanda, pode entrar.

Depois de justificar o motivo antecipado da minha estada ali, sentei-me na cadeira própria e, acreditem, fiquei muda. E o processo teve início. Essa ou essa? A primeira ou a última? A última ou a segunda?

Enfim, apenas balbuciei que nunca acertava as lentes, o que pelo jeito não afetou em nada, pois ela prosseguiu a sua rotineira consulta.

Saí desolada da clínica, porém, mesmo assim, fui para a ótica. Adoro escolher a armação – momento lúdico para mim!

Armação escolhida, novo processo de medição não sei de que – outra coisa que nunca sei qual a serventia –, mas me submeti.

Dias passados me ligaram da ótica avisando que os óculos haviam chegados. Fui o mais rápido possível!

Assim que peguei o meu novo corretivo visual, me decepcionei. Havia novamente feito uma escolha errada, as suas hastes também tinham detalhes em branco, mas já era tarde; e isso não foi tudo. Não conseguia enxergar nitidamente com os novos óculos. Algo estava errado.

Medidas e conferências foram feitas e nada de se achar o problema. De volta ao consultório, a atendente também confirmou a receita. Estava tudo certo.

Depois de muita peleja, voltei à ótica e mandei trocar as lentes pelo mesmo grau dos óculos antigos.

Depois do caso passado, toda feliz, verificando no espelho, todos os ângulos possíveis e imagináveis – com os novos óculos, fiquei sabendo que a única diferença entre as receitas estava exatamente na mudança ocorrida no “eixo”, resultante daquele processo lá do início do texto... Essa ou aquela? A primeira ou a última?

Portanto, fique esperto, ou melhor, de olho bem aberto, quando for à uma consulta no oftalmologista, e nunca permaneça nas dúvidas em relação àquelas lentes!

Eu? Já estou preocupada com a minha próxima consulta... 

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