Vanda Maria Jacinto
Escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa
E-mail: v.m.j@hotmail.com
Uma vez por ano, quando da visita ao oftalmologista - para consulta de rotina - passo por aperreios bem peculiares à situação.
Na sala de espera já começo a me
angustiar. Nunca sei se vou acertar os questionamentos que ele – o
oftalmologista – me faz durante a consulta...
Não sei, mas não te incomoda quando o
profissional fica mudando aquelas lentes, e te perguntando: essa ou aquela? A
primeira ou essa? Essa última ou a segunda? Fico toda perdida. São tão
parecidas que nunca consigo distingui-las!
Diante de tanta modernidade, fico me
questionando se ainda não inventaram algo mais eficaz... Sinceramente, considero essa metodologia
ultrapassada e deficiente. Não é possível que ainda não tenham inventado algo
melhor e mais prático.
Sem ter como adiar esse momento
anual, o jeito é enfrentá-lo...
Por não ter escolhido adequadamente o
meu último corretivo, para a minha visão deficiente, cá estou eu sofrendo a
mesma fobia. Movida pela estética, adquiri uma armação com hastes brancas. Em
pouco tempo, estavam tingidas de vinho, conforme a cor das minhas madeixas.
Assim sendo, bem antes da famigerada consulta, tive que me submeter ao incômodo
de outra, pois incoerente seria trocar somente a armação.
Após a decisão tomada, encaminhei-me
para o consultório. Enquanto aguardava a vez, fiquei imaginando como agiria
durante a consulta. Seria sincera dessa vez, diria que não me sinto bem com
aquelas mudanças de lente e aproveitaria para solicitar outro jeito. Com
certeza, ela iria me atender...
De repente, a atendente falou num tom
que só as atendentes de consultórios oftalmológicos conseguem:
– Dona Vanda, pode entrar.
Depois de justificar o motivo
antecipado da minha estada ali, sentei-me na cadeira própria e, acreditem,
fiquei muda. E o processo teve início. Essa ou essa? A primeira ou a última? A
última ou a segunda?
Enfim, apenas balbuciei que nunca
acertava as lentes, o que pelo jeito não afetou em nada, pois ela prosseguiu a
sua rotineira consulta.
Saí desolada da clínica, porém, mesmo
assim, fui para a ótica. Adoro escolher a armação – momento lúdico para mim!
Armação escolhida, novo processo de
medição não sei de que – outra coisa que nunca sei qual a serventia –, mas me
submeti.
Dias passados me ligaram da ótica
avisando que os óculos haviam chegados. Fui o mais rápido possível!
Assim que peguei o meu novo corretivo
visual, me decepcionei. Havia novamente feito uma escolha errada, as suas
hastes também tinham detalhes em branco, mas já era tarde; e isso não foi tudo.
Não conseguia enxergar nitidamente com os novos óculos. Algo estava errado.
Medidas e conferências foram feitas e
nada de se achar o problema. De volta ao consultório, a atendente também
confirmou a receita. Estava tudo certo.
Depois de muita peleja, voltei à
ótica e mandei trocar as lentes pelo mesmo grau dos óculos antigos.
Depois do caso passado, toda feliz,
verificando no espelho, todos os ângulos possíveis e imagináveis – com os novos
óculos, fiquei sabendo que a única diferença entre as receitas estava
exatamente na mudança ocorrida no “eixo”, resultante daquele processo lá do
início do texto... Essa ou aquela? A primeira ou a última?
Portanto, fique esperto, ou melhor,
de olho bem aberto, quando for à uma consulta no oftalmologista, e nunca
permaneça nas dúvidas em relação àquelas lentes!
Eu? Já estou preocupada com a minha
próxima consulta...
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