Vanda Maria Jacinto
Escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa
v.m.j@hotmail.com
Por mais incrível que possa parecer, ando sem tempo
para muitas coisas. Por isso, aproveito minhas caminhadas diárias, para pôr
em ordem as ideias soltas…
Foi assim, enquanto arrumava a máscara no rosto, que
me questionei sobre esse tão precioso acessório unissex, “modelito” 2020/2021. Será ele passageiro, como tantos outros aderidos
anteriormente? Ou será que veio para ficar?
O que sei é que, desde o início dos tempos, quando a
instigante serpente conseguiu mudar os rumos do paraíso, foram surgindo as
mais variáveis vestimentas e os acessórios ganharam vida, passando a
integrar nossas indumentárias. Uma folha de parreira aqui, um ossinho no
cabelo ali, um cinto marcando a cintura, uma fivela no cabelo, uma argola
para realçar o pescoço, um batom para embelezar o sorriso; e, assim, vamos
nos enfeitando na efêmera passagem por esta vida.
Impressionante como somos influenciados pelos
modismos. Não importa se a moda-estação não combina com a nossa região
geográfica, o negócio é estar “antenado” com as novas tendências. Um exemplo
claro disso é o uso de calças jeans apertadas – principalmente em lugares
muito quentes, como a nossa cidade –, mesmo sabendo que não faz bem à saúde,
é frequente o seu uso. Aliás, quanto mais apertada a calça, mais a moda
ganha força!
Assim acontece em inúmeras situações. Acho que,
propositadamente, os modismos não vêm acompanhados de bula, sabe, mostrando
os efeitos colaterais de suas práticas. Tipo: brincos grandes e pesados
podem rasgar a orelha; cuidado com os batons com chumbo na fórmula – podem
acarretar problemas nos lábios –; os óleos corporais, tão perfumados e
propagados, não hidratam a nossa pele. As tendências de moda de roupa
acompanham as estações, portanto, segui-las fielmente é usá-las por tempo
determinado e não para todo o sempre ou até que sirva para alguém... E,
assim, a carruagem anda...
Agora, um modismo que está em alta já há algum
tempo, e tão cedo não nos deixará, é o culto à “aparência jovem”. Esse veio
para ficar! A longevidade sempre foi algo que inquietou o ser humano,
enquanto “ser vaidoso”. Os avanços nessa área têm sido alarmantes. Plásticas
cirúrgicas, atividades físicas, aplicações de produtos “milagrosos”,
alimentação balanceada, complementos vitamínicos, só para citar alguns dos
muitos cuidados que se vêm tendo. Com isso, a média de vida tem aumentado e,
junto a tudo isso, a ideia (ainda que falsa) da eterna juventude.
Foi-se o tempo em que uma senhorinha de
cinquenta anos tinha como passatempo debulhar o terço pela manhã, tarde e
noite; além, é claro, de fazer mimos de tricô ou crochê para toda a família.
O mesmo acontecendo com seu companheiro, que, também, mudou totalmente a
rotina. Não se vê mais os senhorzinhos nas praças, voltados para os jogos de
tabuleiros, ou jogando conversa fora numa roda de amigos. No entanto, as
pistas de caminhadas e academias estão abarrotadas deles.
A prática de atividades aeróbicas e de
musculação por pessoas da “melhor idade” toma boa parte dos espaços fitness. Não mais querem se ocupar de trabalhos manuais. A moda da vez é: pilates,
ioga, hidroginástica, musculação, caminhadas, pedaladas etc. Essas estão
entre as suas atividades preferidas.
Como tudo tem dois lados, até certo ponto
isso é bom. Todavia, quando o bom senso deixa de funcionar, a coisa pega!
Quando o exagero sobe à cabeça, fica difícil contornar a situação. Lembro-me
de um episódio que até hoje me faz rir… Uma senhora de oitenta e quatro
anos, toda encarquilhada, chegou à academia exigindo um programa de
musculação. Na melhor das intenções, o professor quis mostrar, como opção, a
atividade de hidroginástica, mas ela, de pronto, mal olhou o grupo e foi
logo dizendo: “Não! Isso é coisa para velho!” Então é isso, às vezes o
pensamento e a vontade andam muito à frente da lógica!
Mas, voltando ao nosso assunto
primeiro…
A máscara de proteção, seja ela caseira
ou não, estou convicta de que a usaremos para todo o sempre, lógico que, em
alguns casos específicos, não tão frequentemente como está sendo hoje. Mas,
o alerta deve permanecer. Assim como o uso obrigatório dos cintos de
segurança nos carros, que foi uma luta para nos acostumarmos, acredito que
com as máscaras também vai se repetir a história. Eu mesma, de início, vivia
esquecendo, não conto as vezes em que voltei chateada do meio do caminho,
para pegá-la; no entanto, agora, não saio sem que a coloque!
No momento, as máscaras caseiras –
hoje produzidas em larga escala –, não mais para suprir a falta das
industrializadas, mas acompanhando as tendências de modelos e estampas, é o
acessório mais propagado. Combinar a máscara com o look
da vez é a melhor pedida. A diversidade de cores, modelos e materiais, é
infinita! É bom poder tornar leve e divertido algo que se tornou obrigação e
salvação para muitos.
Pode até ser exagero de minha parte, mas
já vejo, nas vitrines das lojas, os manequins com máscaras combinando com o
figurino em exposição.
Como proteção ou acessório, o importante
é usá-la. E proteção nunca cai de moda.
Fique em casa. Mas se for sair, use a
máscara!