Por Vanda Maria Jacinto
Escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa
v.m.j@hotmail.com
Neste mundo em que os valores são
questionados a todo instante, ainda
mantenho o jeito antigo de amar.
Não consigo acompanhar as modernidades
desse setor dos sentimentos. Quando amo, amo por inteiro, com direito a
chateações, implicâncias, ciúmes, momentos felizes e tristes, também.
Um dos grandes problemas que enfrento é
a tendência de imaginar os prós e contras de tudo o que vivo. Sofro
antecipadamente no trânsito das suposições. Analiso as características, e vou
agregando-as aos meus desejos e ideais, até formar o modelo perfeito, sem
defeitos. Sem defeitos?!
Quando o balanço final não chega nem
perto do imaginável, gerando um déficit, desisto logo. Mas se o
resultado me parece positivo, invisto todas as minhas fichas, mesmo que, lá na
frente, venha a me arrepender.
A vida toda tentei seguir, ao máximo,
os passos desse sentimento – se é que se pode seguir tais passos –, ou melhor,
entendê-lo, a fim de não se deixar levar por caminhos tortuosos. Conselhos?
Sempre atentei para as dicas dos mais entendidos no assunto, e, mesmo assim,
vez por outra, decepcionei-me.
Pense como é complicado!
Há quem diga que, antes do amor acontecer,
a paixão é quem domina o relacionamento. Seria como ‘um amor de verão’, digamos
assim... Passageiro e desenfreado. Insensato, talvez.
Refleti sério sobre isso e cheguei à
conclusão que talvez seja essa a razão de tantos desacordos e sofrimentos até que
se chegue a um ponto em comum, e, finalmente, ao sentimento mais refinado: o
amor.
Quer saber? Acho que, mesmo consciente
dos encargos cobrados pela paixão, ninguém nunca conseguiu chegar ao amor sem
antes passar por ela. Aliás, em muitos relacionamentos efêmeros, acho que nem
se consegue sair dela, ou seja, ultrapassar esse patamar.
Particularmente, acho que nunca
consegui separar um do outro. Por isso tantos conflitos em meus caminhos.
Preço alto ou não, sou sincera, nunca deixei de sonhar os sonhos lindos que
me fazem ser assim: uma pessoa que busca, de todo jeito, um jeito de ser feliz.
Se fosse possível juntar, nos
relacionamentos, o útil ao agradável, seria uma perfeita combinação, mas há que
se entender que somos perfeitos na nossa individualidade. Cada um é cada um no
universo; portanto, por mais afinidades que se descubra entre dois seres, ainda
assim continuarão únicos!
Talvez o segredo esteja em descobrir,
aos poucos, os próprios mistérios da convivência, e não os do outro. E quando
os mistérios se esgotarem? Será esse o fenômeno que chamamos de rotina? Quantos
mistérios!
Mas acredito que não, os mistérios são
inesgotáveis, somos humanos, sempre haverá segredos a se desvendarem juntos.
Os meus?