domingo, 12 de março de 2017

João Almino na ABL



Por Lúcia Rocha
luciaro@uol.com.br




João Almino

      Na quinta-feira, dia 9 de março de 2017, a cidade de Mossoró foi citada no Jornal Nacional com uma excelente notícia. A apresentadora Renata Vasconcelos anunciou que o diplomata João Almino era o novo membro da Academia Brasileira de Letras, na vaga deixada por Ivo Pitanguy, médico e escritor, falecido ano passado.
      O mundo cultural de Mossoró recebeu a boa notícia com surpresa, visto que pouquíssimas pessoas sabem da existência de João Almino, que por sinal, tem perfil no Facebook - a mais popular rede social - com no máximo dez conterrâneos, todos ligados à imprensa ou autores.    
      Na primeira vez que li sobre João Almino de Souza Filho, ele havia recebido um prêmio literário. Pesquisei e encontrei seu site – www.joaoalmino.com – aonde deixei mensagem eletrônica, no que ele retornou logo em seguida. Agora, com o ingresso no alto mundo intelectual do país, retomei o contato parabenizando-o e já o convocando para uma entrevista. Estava na hora do João Almino falar para seus conterrâneos. Novamente, João Almino surpreende e se colocando à disposição. Segue o conteúdo da entrevista.         
                                       
João Almino participou de uma edição da Feira do Livro de Mossoró

 
         João Almino nasceu em 1950, no centro de Mossoró, filho de Natália de Queiroz e Souza e de João Almino de Souza. O pai é natural do município de Pau dos Ferros e a mãe era cearense, nasceu na fazenda do pai, perto de Ereré, então município de Pereiro, na divisa com o Rio Grande do Norte. O pai migrou para Mossoró, para trabalhar na maior empresa da época, a Mercantil Tertuliano Fernandes, tendo falecido em 1962. “O casamento foi em Mossoró e sempre moraram na Rua Dionísio Figueira, onde todos os filhos nasceram, numa casa vizinha à casa de dona Teresa e Tarcísio Maia, pais de meu colega Oto, hoje já destruída”, explica João Almino.
       O casal teve sete filhos: o primeiro, José, faleceu antes de completar um ano e João Almino é  o mais novo. O irmão mais velho, Pedro Almino, é médico. “Por ordem de nascimento vêm depois minhas irmãs Salete, minha primeira professora, que me ensinou a ler e a escrever antes mesmo de eu frequentar escola; Fátima, farmacêutica bioquímica; Bernadete e Maria José, esta última já falecida. Meus pais também já faleceram. Perdi meu pai quando tinha doze anos. Naquela altura, todos nos mudamos para os arredores de Fortaleza, o Mondubim, onde vivia um tio nosso, irmão de meu pai, o tio Celso. Estudei no Colégio Cearense, um colégio marista. Voltei algumas vezes a Mossoró”, registra João.

                                         
Na primeira casa branca, aonde João Almino nasceu e viveu até os doze anos. Hoje, vizinho ao Hotel Caraúbas.

       E já que aprendeu a ler e a escrever em casa, antes de ir para a escola, João Almino resistiu bastante ir para a escola. “Finalmente entrei, acho, diretamente no segundo ano da escola pública que ficava na própria Rua Dionísio Filgueira, tendo como professora minha irmã Salete. Depois me transferi para a escola particular da dona Maria Clotilde, na Praça da Redenção, junto à Escola Técnica União Caixeiral, onde havia uma única sala de aula congregando alunos de todas as séries do curso primário". 

João Almino, pai, em foto de 1930, com a mãe, Maria José Rego, ainda em Pau dos Ferros

        Perguntado sobre que influências teve de leitura na infância ou juventude, João Almino enaltece a figura do seu pai, um autodidata. “Ele não frequentou escola, mas se tornou uma pessoa culta e muito lida. Lia sobretudo textos de história universal, História do Brasil e biografias de santos. Sempre que penso nele, vejo-o com um livro nas mãos. Tinha uma pequena biblioteca, de uma única estante, talvez de seis ou sete prateleiras. Numa delas, a mais baixa, havia livros de literatura, sobretudo alguns romances regionalistas nordestinos, de Raquel de Queiroz, José Américo de Almeida e Graciliano Ramos. Noutras prateleiras, vários volumes da brasiliana, de História do Brasil, todos bem organizados. O gosto da leitura, em mim, começou naquela biblioteca”, empolga-se.
       Com uma biblioteca em casa e um pai como exemplo de bom leitor, João Almino começou a pensar em escrever livros desde cedo. “Dos nove para os dez anos escrevi muitas páginas num caderno de escola, pensando que seria um livro". Passou a ser elogiado pelo pai. "Foi dele o primeiro dos incentivos que recebi para a escrita. Já a ‘carreira’ veio com a constância e várias tentativas. Comecei a publicar relativamente tarde”, lamenta.
        Sobre a leitura de autores potiguares, João Almino respondeu: “Li Cascudo sempre e li 
alguns livros do Vingt-un. Preciso ler mais. Conheci Vingt-un, que publicava aquela enorme coleção de livros dedicados aos mossoroenses. Publicou um a meu respeito quando estive em Mossoró, em 2003, num programa que me levou a Natal e Mossoró por ocasião da premiação pela Casa de las Américas de meu romance As Cinco Estações do Amor. Ele conheceu meu pai, João Almino de Souza, que foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e um dos fundadores em Mossoró da Escola Técnica União Caixeral, núcleo do qual surgiu a Faculdade de Economia", disse. Daquele curso, nasceu a hoje UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. 
       João Almino é diplomata, casado com a artista plástica curitibana, Bia Wouk. Ele ocupava a função de Cônsul geral do Brasil em Madrid e atualmente reside em Brasília.     
                                     
João Almino e esposa, Bia Wouk


                      Livros de João Almino

                                    





















Público na apresentação de João Almino na Feira do Livro de Mossoró

quarta-feira, 8 de março de 2017

Nas Trilhas do Meu Avô

Capa de Augusto Paiva



José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo é um jovem mossoroense, filho de José Edilson de Albuquerque Guimaráes e Deodina Silveira de Albuquerque Guimaráes. Neto de um ferroviário que escreveu um livro enquanto trabalhava na montagem dos trilhos da Rede Ferroviária, contando os bastidores da obra e que foi citado em texto do neto na contra-capa: "Na escolha do título desta obra, resolvi optar por fazer uma homenagem a meu avô materno, Pedro Leopoldo da Silveira, que por sinal, não conheci. Soube que viveu a maior parte da sua vida exercendo, com esmero, a profissão de ferroviário e, com pendor para literatura, como ele mesmo gostava de mencionar, percebi que teríamos alguma coisa em comum. Por essa razão, a vontade de seguir seu mesmo caminho literário, surgiu: Nas Trilhas de Meu Avô".

Em Trilhas do Meu Avô o autor apresenta o perfil biográfico de alguns mossoroenses ou pessoas que em Mossoró fincaram raízes, lembrando as obras dos saudosos Raimundo Nonato e Walter Wanderley, que soubera tão bem descrever seus conterrâneos e contemporâneos. Edilson Segundo descreve Padre Freire, Miguel Faustino do Monte, Família Albuquerque, Francisco Isódio, Deoclides Vieira de Sá, Affonso Freire de Andrade, Milton Freire de Andrade, Chico Guilherme, professora Hilda Guimarães, Heloísa Leão de Moura, os  irmãos sacerdotes, Dom José Medeiros e o Monsenhor Leão, Américo e Alfredo Simonetti, Hamilcar e Alcir Silveira; o atleta Dequinha, Walter Wanderley, Mota Neto e Almir de Almeida Castro.      
Nas Trilhas do Meu Avô tem 110 páginas, o professor, escritor e blogueiro Honório de Medeiros assina as orelhas, no qual aposta no novo escritor: "Eis que de forma discreta, mas incisiva, desponta nas letras mossoroenses - e do estado - esse jovem escritor (...) desta vez nos brinda, seguindo a tradição mossoroense do ensaio biográfico, com Nas Trilhas do Meu Avô no qual, traça o perfil, dentre outros, de Pedro Leopoldo da Silveira, de quem é neto, um homem como poucos os há nos dias de  hoje, posto que parece terem jogado fora a fôrma com a qual foram eles feitos. Tristes tempos!"

 O editor David de Medeiros Leite assina a apresentação do livro, lembrando frase de Charles Chaplin: "A vida é um assunto local". Escreve David sobre Nas Trilhas do Meu Avô: "A historiografia provinciana desperta interesse, justamente por retratar personagens que, de algum modo, modificaram ou protagonizaram fatos que nos dizem respeito, seja de forma direta ou nos remetendo aos nossos antepassados, levando-nos a caminhar sobre o chão que conhecemos tão bem. Resta-nos, assim, enaltecer a iniciativa de Edilson Segundo que, ao seguir as trilhas do seu avô, presenteia-nos com significativo livro".  



Sobre o autor

Edilson Segundo é graduado em Ciências Biológicas, pela Univesidade Federal do Rio Grande do Norte e Mestre em Geociências, também pela UFRN. É servidor municipal em Mossoró e iniciou suas atividades literárias em 2012, com um texto na Revista Oeste. Em 2014, em parceria com o professor e escritor, Doutor David de Medeiros Leite, publicou o livro Mossoró e Tibau Em Versos: Antologia Poética, também pela Editora Sarau das Letras. Edilson Segundo é casado com a paulista, Andreia Hirakawa, fotógrafa profissional, e pai de Larissa. Contatos do autor: jesegundo@hotmail.com e celular da operadora Claro: 84 99175.2422.
 
Edilson Segundo com a Andreia e a filha, Larissa